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A est(ética) da vingança

Por NELSON MOTTA
Atualização:

Quentin Tarantino comemora 50 anos como criador de um estilo que mistura vários gêneros clássicos e modernos do cinema com tanto talento e personalidade que acabou criando um novo: o gênero Tarantino, feito de violência estilizada, diálogos desconcertantes e narrativas fragmentadas e marcadas pelo humor cáustico, o amor ao cinema e à cultura pop.Texano de origem italiana e Cherokee, o multicultural Tarantino fez a sua formação cinematográfica de forma tipicamente moderna, como balconista de uma locadora de vídeos. Viu tudo, do trash ao cinema de arte, misturou e escreveu seus primeiros roteiros, Amor a queima roupa, e o violentíssimo Assassinos por Natureza, que foi dirigido por Oliver Stone e provocou grande polêmica.Estreou como a maior promessa do cinema independente americano com o violento e estiloso Cães de Aluguel, abrindo caminho para Pulp Fiction. Com sua brutalidade e sofisticação, seu humor e seus diálogos doidões, o filme ganhou a Palma de Ouro em Cannes e estabeleceu novos padrões para o cinema independente, se tornando um cult e uma das maiores bilheterias da década.Com o seu malandro e subestimado Jackie Brown, Tarantino homenageou os filmes negros dos anos 70, os blaxploitation movies, provocando polêmicas raciais com Spike Lee e não conquistando o sucesso que merecia.Em Kill Bill - volumes 1 e 2, se apropriou da estética dos filmes de artes marciais e das historias em quadrinhos para contar uma saga de vingança que lotou os cinemas e tirou o fôlego do público.No drama de guerra Bastardos Inglórios desafiou o impossível e reescreveu a história, na vingança de uma judia que perde a família na guerra e explode um cinema sobre Hitler e toda a alta hierarquia do nazismo. A estética a serviço da ética fazendo justiça poética.Com apenas sete longas, Tarantino já conquistou seu lugar na história do cinema como um estilista de estilos e em Django livre a inspiração é o western spaghetti, de novo uma vingança, mas de um herói negro lutando por amor e justiça durante a escravidão nos Estados Unidos.Agora só falta um musical. Violento e vingativo.

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