Não há uma causa única que possa explicar um fenômeno dessa magnitude. Há três causas de fundo que, ao que tudo indica, estão entre as principais responsáveis pela redução.
A primeiro delas é demográfica: a população paulistana está envelhecendo, há cada vez menos jovens. E são os homens de 20 a 29 anos as principais vítimas e os principais autores dos assassinatos. Diminui a população de risco, cai a taxa de homicídio.
O outro motivo é a implementação da política nacional de desarmamento. A queda das mortes violentas coincide com o começo da apreensão das armas. Um estudo acadêmico estima que um assassinato é evitado a cada 18 armas apreendidas.
Pode-se incluir entre as causas gerais o bom desempenho da economia ao longo da década passada, o que fez aumentar as oportunidades de emprego para os jovens -além do acesso ao crédito, que melhorou o padrão de consumo das fatias mais pobres da população.
Se essas causas se aplicam a toda a cidade (e ao país), questões específicas ajudam a compreender porque em alguns locais a taxa de assassinato caiu mais do que em outros. Entram nessa conta desde novos padrões de policiamento até a construção de mais e melhores equipamentos sociais, como escolas de período integral.
Isso vale, por exemplo, para o Jardim Ângela, que chegou a ser símbolo da violência na cidade, e hoje ostenta uma taxa de homicídio quase civilizada: 15 mortos para cada 100 mil habitantes. Ela chegou a ser de 111/100 mil em 2001.
Mas as diferenças entre bairros ricos e pobres persistem. O morador do Brás, um reduto popular próximo ao centro paulistano, corre um risco cinco vezes maior de ser assassinado que um morador de Moema, um bairro rico da zona sul.
É um problema que se estende a outras áreas centrais da cidade, como Sé e República. A explicação passa pela concentração de cortiços e pelo consumo e venda de drogas como o crack. E requerem ações policias específicas para resolver o problema. Desse a demografia não dará conta.