Onde foi parar o "fenômeno" Marina? Veja a migração dos ex-votos da candidata do PV

O Distrito Federal foi a única unidade da Federação onde Marina Silva (PV) foi a candidata mais votada no primeiro turno. Não por coincidência, é um dos locais onde José Serra (PSDB) empatou com Dilma Rousseff (PT) na pesquisa Ibope de segundo turno: 45% a 43%.

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Por Redação
Atualização:

O DF é um bom exemplo de como os eleitores de Marina escolheram seu candidato sem esperar orientação nem dela nem do seu partido. Isso aconteceu por razões diversas. Para começar, há diferentes eleitores de Marina.

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Na média nacional, os evangélicos, segundo o Ibope, migraram na proporção de 3 a 1 para Serra. Foi a maior diferença. Entre os marinistas católicos a proporção foi metade dessa.

A migração dos eleitores de Marina para Serra foi proporcionalmente maior entre as mulheres e entre os jovens. Também quem votou em Marina e tem nível superior optou duas vezes mais pelo tucano do que pela petista.

Já entre aqueles que se auto-classificam como brancos, Serra ficou com mais ex-votos de Marina do que Dilma. O oposto aconteceu entre os eleitores que, pelos mesmos critérios, se auto-denominaram pretos e pardos.

Em resumo, Serra retomou os eleitores de Marina que tinham um perfil semelhantes aos múltiplos grupos que compõem o eleitorado serrista: brancos que fizeram faculdade e mulheres evangélicas que não querem ouvir falar em mudança na lei do aborto, por exemplo. Em eleições passadas, esses eleitores mais provavelmente votaram em candidatos do PSDB.

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Dilma ficou com um minoria que tem características demográficas mais parecidas com seu eleitorado de origem.

Na prática, nada mudou. O "fenômeno Marina" não foi realmente um fenômeno. Foi apenas um grito de alguns ex-eleitores tucanos (principalmente, mas também petistas), cansados da polarização entre os dois partidos. E que voltaram ao ninho original no segundo turno.

Não por acaso, Marina não recomendou voto nem em Dilma nem em Serra. Tinha muito pouca gente escutando.

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