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Rivais "confinam" Serra a zona antipetista

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Por Redação
Atualização:

José Roberto de Toledo e Daniel Bramatti

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Em dez dias de propaganda na TV, o eleitorado de José Serra (PSDB) encolheu na periferia, deixando o tucano cada vez mais dependente da zona antipetista de São Paulo. Na divisão criada por Ibope e Estadão Dados a partir do histórico de votação na cidade, Serra caiu de 20% para 12% na área pró-PT e de 35% para 16% na região volúvel, segundo a pesquisa concluída na quinta-feira. Essas zonas somam metade dos eleitores paulistanos.

Hoje, nada menos do que 69% da intenção de voto de Serra está concentrada na outra metade, no centro expandido de São Paulo, a região que tem o histórico de votação mais antipetista da cidade. Antes de o horário eleitoral começar, essa taxa era de 59%. Ou seja, Serra está sendo empurrado por seus adversários para o seu principal reduto. Mesmo lá, a disputa continua.

Entre 15 e 30 de agosto, o tucano oscilou de 30% para 26% na região antipetista, e, agora, está empatado tecnicamente com Celso Russomanno (PRB) também no conjunto desses distritos centrais. Nesse mesmo período, o apresentador de TV foi de 23% para 27% na zona antipetista. Até Fernando Haddad (PT) melhorou sua situação nessa região. Evoluiu de 8% para 12%.

A região antipetista é formada pelas zonas eleitorais em que o partido do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva perdeu as últimas três disputas nas urnas. Nessa área, há dois anos, o próprio Serra, então candidato à Presidência, obteve a maioria absoluta (51%) dos votos válidos.

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Atualmente, porém, o desempenho do tucano se assemelha ao que Geraldo Alckmin teve em 2008, como candidato a prefeito do PSDB. Na época, o eleitorado refratário ao PT se dividiu entre o próprio Alckmin e Gilberto Kassab (então no DEM), que concorria à reeleição. Resultado: o então candidato tucano teve apenas 27% dos votos válidos na zona antipetista e ficou de fora do segundo turno.

E o que aconteceu nas zonas mais distantes do centro? Quem se beneficiou da queda de Serra e dos outros candidatos? Russomanno e Haddad dividiram o butim. O candidato do PRB cresceu de 30% para 38% na zona petista, ampliando sua liderança nessa região periférica da cidade.

São distritos do extremo sul e do extremo leste da cidade - como Parelheiros ou Guianases - e que costumam votar, majoritariamente, em candidatos do PT para prefeito, presidente e governador. Haddad cresceu de 11% para 20% na zona petista, mas ainda está com menos da metade do histórico de votação do seu partido nesses locais. Dilma Rousseff (PT), por exemplo, teve 54% dos votos válidos nessa região da cidade em 2010.

Mantidas as tendências dos últimos dez dias, o próximo confronto eleitoral nas regiões periféricas será entre Russomanno e Haddad. O petista tentando recuperar o eleitor que apoiou seu partido nas últimas eleições, e Russomanno tentando manter o que já conquistou. E a primeira batalha dessa guerra deve ter aspectos religiosos.

Um em cada cinco petistas em São Paulo é evangélico. Entre eles, Russomanno leva vantagem sobre Haddad: 42% dos petistas evangélicos declaram voto no candidato do PRB, contra 31% que optam pelo candidato do PT. É muito diferente da divisão entre os petistas católicos, entre os quais Haddad lidera com 43%, contra 26% de Russomanno.

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Logo, para aumentar sua penetração nas hostes do próprio partido, Haddad precisará, necessariamente, intensificar sua campanha na periferia e entre os evangélicos do PT. E Russomanno vai fazer de tudo para segurá-los, com ou sem o apoio da Igreja Universal do Reino de Deus à qual o presidente do seu partido, o PRB, é ligado historicamente.

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