O voto soma-zero e a eleição dupla para o Senado

Há três tipos de voto para o Senado: o válido, o branco/nulo e o soma-zero. Das cinco eleições do próximo domingo, a escolha das duas vagas de senador é a única em que o eleitor pode cair na armadilha de um voto, na prática, neutralizar o outro.

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Por Redação
Atualização:

É uma probabilidade real para no mínimo 15% dos eleitores paulistas. São aqueles que declaram sua preferência por um candidato a senador e dão seu segundo voto a um adversário que está na frente dele, ocupando o primeiro ou o segundo lugar nas pesquisas.

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Pode ser uma expressão das contradições ideológicas do eleitorado, um protesto silencioso contra o rol de candidatos disponíveis, ou apenas um desafio à matemática.

Os dois votos para o Senado não são iguais. Em geral, o eleitor tem um candidato de preferência, seu primeiro voto, e uma segunda opção menos convicta. Tanto é assim que muitos ainda não sabem qual será seu segundo voto.

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Segundo o Ibope, 13% dos eleitores cujo primeiro voto é para Aloysio Nunes (PSDB) pretendem votar também em Netinho de Paula (PC do B) e outros 9%, em Marta Suplicy (PT). Total: 22%. Como o tucano é o terceiro colocado, 1 em cada 5 dos seus votos contará para ele e para um dos rivais à sua frente. Não tira diferença. Soma zero.

Se serve de consolo ao candidato do PSDB, 11% dos eleitores que optam primeiro por Netinho e 7% dos que têm em Marta sua opção principal dizem que darão seu segundo voto a Aloysio. Fica, então, elas por elas?

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Não exatamente. Aloysio perde 10% mais votos do que ganha nesse toma-lá-dá-cá. Ou seja, se nenhum de seus eleitores digitasse o segundo voto para Marta ou Netinho e vice-versa, ainda assim o tucano estaria mais perto de eleger-se do que com o voto soma-zero.

Aloysio não é o único que perde nesse jogo. Além dos problemas de saúde, Romeu Tuma (PTB) tem dificuldade para reeleger-se senador por São Paulo porque mais da metade dos que dão seu primeiro voto ao petebista votam também nos adversários que estão à sua frente.

Falta a Aloysio uma dobradinha formal. Com a saída de Orestes Quércia (PMDB) da disputa, muitos que votavam no tucano e no peemedebista migraram esse segundo voto para Marta e Netinho.

Nessa dobradinha de PT e PC do B, a petista é a campeã do primeiro voto, mas é seu companheiro de chapa quem tem mais a ganhar. Marta é a principal opção ao Senado de 27% dos paulistas. E o segundo voto de outros 11%, num total de 38%.

Netinho está tecnicamente empatado com ela no total (tem 37%), mas deve isso principalmente ao segundo voto de 20% dos eleitores, principalmente dos que votam primeiro em Marta.

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Em uma eleição dupla para o Senado, é necessário eleger um adversário principal para evitar o voto soma-zero. E deixar claro para o eleitor que não adianta ele votar nos dois. Aloysio ensaiou fazer isso com Netinho, mas parou no meio do caminho.

Em Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT) sofre com o mesmo problema de Aloysio.

No Rio de Janeiro, a vítima é Cesar Maia (DEM). O ex-prefeito depende muito do primeiro voto dos eleitores (14 pontos dos seus 23%) e não tem uma dobradinha forte. Como resultado, 26% desses seus eleitores votam em Lindberg Farias (PT) e outros 25% em Marcelo Crivella (PRB), dois candidatos que estão à sua frente. No jogo de soma-zero, metade dos primeiros votos de Maia acabam neutralizados.

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