Para José Serra (PSDB), ao contrário, quanto mais rápido o relógio girar, melhor. O tucano conseguiu parar de cair e parece até ter recuperado alguns eleitores do centro rico da cidade que haviam se engraçado para o lado de Russomanno. Sua guerra religiosa deu certo, em parte. A cúpula da Igreja Católica se mobilizou contra o candidato cujo partido é comandado por joint venture da Igreja Universal do Reino de Deus com a TV Record.
Se o relógio opera contra, Haddad pode ter a seu favor duas circunstâncias históricas, desde que elas se repitam. A propaganda eleitoral na TV tem dois picos de impacto na intenção de voto: a primeira e a última semanas, enquanto o período intermediário costuma ser menos volátil. A outra é a militância petista, que já chegou a virar eleições em São Paulo.
A única chance de Haddad é a propaganda de TV e a militância conseguirem fazer em duas semanas o que não conseguiram em meses de campanha: informar os eleitores mais pobres da periferia que ele é o candidato do PT, de Lula e de Dilma Rousseff. Mas isso não basta. A penetração de Russomanno nesse eleitorado é profunda e vai requerer, além da simples informação partidária, argumentos convincentes para fazê-lo mudar de candidato.
Enquanto Haddad corre atrás do prejuízo, Serra e Russomanno podem fazer aquilo que o jargão dos comentaristas esportivos manda: administrar a vantagem. Isso significa defender seus eleitorados das investidas dos rivais, não cometer deslizes nos debates que faltam, e, principalmente, evitar escândalos de última hora. Jogar o feijão com arroz e esperar o tempo passar.
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