Não importa que o movimento tenha sido uma oscilação estatística (só configura tendência se há três ou mais pontos na mesma direção). A exuberância irracional dos mercados se deve à interpretação de que a presidente bateu no seu teto eleitoral. Por esse raciocínio, Dilma não iria além de 40% ou 42% no turno final - e, portanto, Marina tem tudo para vencer a eleição.
O mercado se baseia mais em expectativas do que em fatos. E a expectativa, até segunda-feria, era de que a tendência de recuperação da petista continuasse e que Dilma ultrapassaria Marina, ao menos numericamente, na simulação de segundo turno. Como aconteceu o contrário, o mercado entendeu que a campanha negativa do PT na TV deu o que tinha que dar. A confirmar a tese, a avaliação do governo não continuou melhorando.
Parece até que a eleição acabou. Só que não: 27% dos eleitores que hoje declaram voto em Marina no segundo turno dizem que "votariam com certeza" ou "poderiam votar" em Dilma. Mais ainda, 49% dos que hoje dizem que votariam em Dilma no segundo turno admitem também a possibilidade de votar em Marina. Como se vê, as áreas de interseção do eleitorado de ambas é enorme. É isso que mantém a eleição aberta - e não apenas no turno final.
E por que o mercado prefere uma a outra? Nada pessoal. A oportunidade de ganho em caso de vitória de Marina é 50% maior. A vitória da candidata do PSB está "precificada" em 75 mil pontos do Ibovespa. E a vitória de Dilma, em 50 mil pontos. Como o Ibovespa está em 60 mil pontos, há 15 mil pontos a serem ganhos com a eventual alta, contra só 10 mil no caso de queda.
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