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A disputa eleitoral nas redes sociais

YouTube derruba vídeos de canais de esquerda que questionam facada de Adélio em Bolsonaro

Segundo relatório, plataforma acelerou punições na semana que antecedeu início oficial de campanha

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Por Samuel Lima
Atualização:

Na semana que antecedeu o início oficial da campanha eleitoral, o YouTube acelerou a remoção de vídeos que infringem suas regras e derrubou ao menos 62 conteúdos de 16 canais de esquerda -- a maior punição conjunta efetuada a opositores do governo de Jair Bolsonaro (PL) na plataforma. Metade desses conteúdos traziam os termos "facada", "Adélio" e "fakeada" no título, o que sinaliza empenho da plataforma em derrubar desinformação sobre o atentado sofrido por Bolsonaro em 2018.

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A informação consta em relatório semanal de análise de redes e política divulgado por Essa tal rede social e Novelo Data. A pesquisa monitora 113 canais de esquerda no YouTube desde agosto de 2019. O levantamento mostra ainda que os canais mais atingidos foram os atrelados ao site Brasil 247, com 30 vídeos derrubados. O veículo é responsável pelo documentário "Bolsonaro e Adélio -- Uma fakeada no coração do Brasil", que questiona a agressão de Adélio Bispo ao então candidato a presidente Jair Bolsonaro, em Juiz de Fora (MG).

O YouTube, fundado em 2005, pertence ao Google desde 2006. Imagem: Dado Ruvic/Reuters 

Alguns exemplos de vídeos removidos são "Bolsonaro e a facada! Cada vez mais fake! Canastrão", "Internação fake de Bolsonaro corrobora fakeada", "Vídeo revela a farsa armada por Jair Bolsonaro sobre facada" e "Por que a mídia esconde a fakeada?". Além do próprio documentário no canal TV 247, também constam na lista materiais criticando a Folha de S. Paulo, que teria "comprado a versão oficial" sobre o atentado. O jornal noticiou em setembro do ano passado que petistas estavam estimulando a tese fantasiosa de que a facada de Adélio teria sido forjada.

Em nota publicada em seu site, a TV 247 disse que a remoção dos vídeos "constitui censura e grave ataque à liberdade de expressão" e anunciou que tomará medidas judiciais contra o YouTube.

O YouTube distribuiu ainda 98 punições a canais de extrema-direita na semana passada. O principal alvo foi um podcast focado em investimentos que envereda pela política com viés bolsonarista. A lista de 84 remoções em um único dia traz trechos de entrevistas com o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e o ex-secretário da Cultura Mário Frias (PL-SP) contendo ataques ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e à TV Globo, por exemplo.

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O YouTube removeu ainda a apresentação de Jair Bolsonaro a embaixadores, em que o presidente acusou o sistema eleitoral de ser fraudulento e promoveu desinformação sobre as urnas eletrônicas. Os vídeos foram removidos de sua conta oficial -- 38ª punição, na contagem da pesquisa -- e também do repositório da TV Brasil.

"Analisadas em conjunto, as ações mostram que o YouTube pretende adotar uma estratégia de moderação de conteúdo durante as eleições que, como diz o ditado popular, dá uma no cravo, outra na ferradura", escrevem os pesquisadores.

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