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A disputa eleitoral nas redes sociais

Cabos eleitorais nas redes ganham protagonismo na corrida presidencial

Influenciadores digitais expõem candidatos à Presidência, atuam para diminuir rejeição em determinados públicos e ajudam a consolidar voto; PT cresce com Janones

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Por Redação
Atualização:

Por Samuel Lima, Gustavo Queiroz e Levy Teles

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Cabos eleitorais nas redes sociais se tornaram peças-chave nas campanhas presidenciais para aumentar a exposição dos candidatos na tentativa de atrair e consolidar votos. Com 9 milhões de interações no Facebook e Instagram em postagens sobre os presidenciáveis desde o início oficial do período eleitoral, os 19 principais impulsionadores usam o ambiente digital para diminuir a rejeição de quem apoiam e conquistar outros públicos.

O Estadão identificou os influenciadores eleitorais de maior repercussão com base em 21 mil publicações mais populares nas duas plataformas. O recorte inclui os quatro concorrentes com mais intenções de voto - Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Jair Bolsonaro (PL), Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MDB).

O levantamento foi realizado por meio do CrowdTangle, plataforma de monitoramento da Meta, e considerou posts feitos entre 16 e 25 de agosto. Juntos, eles atingem mais de 62,5 milhões de usuários, quando somados Instagram, Facebook e Twitter.

Os apoiadores que mais reverberam a candidatura de Bolsonaro são os deputados federais Carla Zambelli (PL-SP), Carlos Jordy (PL-RJ) e Eduardo Bolsonaro (PL-SP), além do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e do empresário Luciano Hang, que teve contas nas redes sociais suspensas na semana passada.

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O grupo alcançou 6,6 milhões de interações no período. Na lista de postagens, há "santinhos virtuais" com o número de urna, elogios à sabatina de Bolsonaro no Jornal Nacional, da TV Globo, e ataques ao ex-presidente Lula.

Carla Zambelli é, com ampla vantagem, a personagem que melhor atua como cabo eleitoral digital. Foram 3,4 milhões de interações em suas páginas, métrica que soma curtidas, compartilhamentos e comentários. A deputada é considerada um ativo da campanha por circular em diversos públicos, inclusive entre mulheres, segmento no qual Bolsonaro enfrenta rejeição.

"Acredito que minha presença multiplica a capacidade dele de estar em mais lugares", disse a deputada ao Estadão. "Sou leal ao presidente e ao seu projeto de nação que visa resgatar o orgulho nacional do povo brasileiro."

O especialista em marketing digital Yuri Almeida disse que esses apoiadores têm como principal tarefa a amplificação do discurso, mas também atuam como "embaixadores". "Eles ajudam a chamar imagens que, muitas vezes, o candidato não tem. Cada um exerce o papel de replicar a mensagem, fazer adaptações e também furar a bolha, atingindo públicos diferentes pelas relações pessoais, partidárias ou regionais." Como mostrou o Estadão, outros influenciadores também usam estratégias diversas para repercutir a campanha, como a primeira-dama Michelle Bolsonaro, que fala com o público evangélico.

Com Lula, o deputado federal André Janones (Avante-MG) se tornou o principal aliado para posicionar o petista nas redes. Com grande ativo de seguidores, ele ostenta títulos como o da live mais comentada no Facebook em 2020. Janones tem apelo entre grupos como o de caminhoneiros, que o PT tem menor entrada.

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Desde o começo da campanha, o deputado - que se lançou à Presidência, mas desistiu para apoiar Lula - tentou rivalizar com os cabos eleitorais de Bolsonaro. Em postagem viral do Twitter, na semana passada, disse liderar um "gabinete do bem". Janones também fez uma filmagem na área externa do Palácio do Planalto e acusou o presidente de mandar "capangas armados" para expulsá-lo.

As figuras públicas que chegam mais perto do desempenho de Janones são a presidente nacional do PT Gleisi Hoffmann (PT-PR), o candidato a deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP), o senador Humberto Costa (PT-PE) e a ex-deputada Manuela D'Ávila (PCdoB-RS). Os cinco acumularam 2,2 milhões de interações - um terço do desempenho do grupo bolsonarista. São assuntos que impactam diretamente as pessoas e não vamos abrir mão de dialogar com o eleitorado sobre eles", afirmou Guilherme Simões, coordenador da campanha de Guilherme Boulos.

Visibilidade

"O que vira voto e garante visibilidade é a capilaridade", afirmou o cientista político Emerson Cervi. Para ele, o PT começou a crescer nas redes neste ano, após a chegada de Janones e personalidades como a cantora Anitta, enquanto bolsonaristas já dominam o ambiente virtual desde 2018.

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Marcelo Vitorino, professor de marketing político da ESPM, disse que os perfis reforçam entre o eleitorado as características ideais de um candidato, mas ressalta que "não existe mágica" para engajar. "O que existe é a construção de uma reputação."

Ciro e Simone aparecem distantes da dupla que polariza a disputa em termos de engajamento. Os cinco principais apoiadores de Ciro conseguiram 88,9 mil interações, ante 40,5 mil dos quatro mais bem colocados de Simone.

Quem atrai mais engajamento para o pedetista é a deputada estadual Juliana Brizola (PDT-RS). A parlamentar gaúcha entende que tem o papel de "apresentar o Ciro" aos seus seguidores, incluindo admiradores do seu avô, Leonel Brizola.

Do lado de Simone, a principal aliada é a senadora e candidata tucana a vice na chapa, Mara Gabrilli. "Falo com muitos públicos diferentes, porque trabalho pela diversidade humana", disse Mara.

Twitter

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Levantamento do professor Claudio Penteado, da Universidade Federal do ABC (UFABC), aponta cenário semelhante no Twitter. Além dos já citados, a lista de influenciadores dos presidenciáveis na plataforma tem ainda o candidato ao governo de São Paulo Tarcísio de Freitas (Republicanos), a ex-presidente Dilma Rousseff (PT), o vice na chapa de Lula, Geraldo Alckmin (PSB), o senador Cid Gomes (PDT-CE), irmão de Ciro, e o presidente nacional do Cidadania, Roberto Freire.

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