A política econômica posta em andamento pelos militares a partir de 1964 mudou esse quadro. Os seus melhores resultados apareceram no período entre 1967 e 1973, os chamados anos do "milagre econômico".
Sob o comando do ministro Delfim Netto, que tinha a seu favor um momento notável de expansão da economia mundial, o Produto Nacional Bruto (PNB) cresceu a uma taxa média de 10% ao ano. O setor industrial cresceu num ritmo ainda maior, acompanhado pela abertura de novos postos no mercado formal de trabalho e da expansão do consumo interno.
Ao mesmo tempo que aumentava o número de empregos, porém, o valor médio do salário mínimo encolhia.
Essas informações fazem parte do estudo Transformações Econômicas no Período Militar (1964-1985), assinado por Francisco Vidal Luna e Herbert Klein, na coletânea A Ditadura Que Mudou o Brasil - 50 Anos do Golpes de 1964, da Editora Zahar. Organizada por Daniel Aarão Reis, Marcelo Ridenti e Rodrigo Patto Sá Motta, trata-se de um dos mais interessantes balanços sobre o período que estão sendo publicados no embalo do cinquentenário.
Em treze estudos, que abrangem da censura e a industrial cultural às mudanças demográficas e à política externa, o livro traz novas reflexões sobre temas aparentemente esgotados. Permite compreender melhor a chamada modernização autoritária que ocorreu no período - e seu legado para o Brasil atual.
Voltando à economia, Luna e Klein observam, no interior de um amplo painel, que o valor do salário mínimo caiu de um índice 100 em 1964 para 82 em 1977. Esse encolhimento só foi possível com a absoluta falta de liberdade imposta aos sindicatos.
O arrocho salarial, assinalam, é uma das duas críticas fundamentais à política econômica do governo militar. A outra refere-se ao extraordinário crescimento da dívida externa.
Sob os militares, o Brasil tornou-se praticamente um país insolvente e o Fundo Monetário Internacional (FMI) passou a interferir diretamente nos rumos da política econômica interna. Os resultados não foram positivos. Em 1984 a taxa de inflação bateu no teto de 200%. No ano seguinte o poder voltou às mãos dos civis.
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