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Justiça Federal decreta fechamento de empresa de segurança que presta serviços a produtores rurais em MS

O Ministério Público Federal em Mato Grosso do Sul conseguiu na Justiça Federal a suspensão das atividades da empresa Gaspem, cuja sede fica em Campo Grande, Mato Grosso do Sul. A empresa oferece serviços de segurança a proprietários rurais em áreas de conflito fundiário e é acusada de executar ataques contra comunidades indígenas.

Por Roldão Arruda
Atualização:

Ao pedir o fechamento da empresa à Justiça, o MPF argumentou que há "perigo de novas agressões e ilícitos". Os procuradores federais também disseram que a autorização de funcionamento da Gaspem expedida pela Polícia Federal venceu em 14 de novembro de 2012. Desde então ela estaria operando de forma irregular.

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De acordo com nota divulgada na sexta-feira, 17, pela assessoria de comunicação do MPF, a Polícia Federal deveria lacrar a sede da empresa nas próximas horas.Até o início da noite de sábado, porém, a empresa não havia recebido nenhuma comunicação oficial, segundo um de seus gerentes, que se apresentou como Gilberto da Silva. Por telefone, ele refutou as acusações e disse que a Gaspem irá apresentar sua defesa assim que for notificada.

De acordo com seus estatutos, a finalidade da Gaspem é "prestar segurança privada em imóveis urbanos, rurais e eventos". Mas, segundo os procuradores, os seguranças estavam sendo contratados para intimidar e aterrorizar indígenas. 

 Foto: Estadão

Na documentação enviada à Justiça, a Gaspem é apresentada como "um grupo organizado o qual dissemina violência contra os guarani-kaiowá do cone sul do Estado de Mato Grosso do Sul através de pessoas brutais nominadas 'vigilantes', na maioria das vezes sem qualificação para o exercício da atividade, portando armamento pesado e munições, a fim de praticarem atos contrários ao ordenamento jurídico e à segurança pública".

O MPF também afirma que os registros de casos de violência rural com envolvimento da Gaspem remontam a 2005. Entre outros episódios, funcionários da empresa são acusados pela morte dos índios Dorvalino Rocha e Nízio Gomes, em processos que tramitam na Justiça Federal de Ponta Porã.

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Os procuradores federais afirmaram, na nota divulgada pela assessoria de comunicação, que atos de defesa privada são legais, mas em casos excepcionais e desde que "exercidos com presteza, proporcionalidade e moderação, sob pena de o possuidor transformar a sua conduta em delito".

Em dezembro, políticos da bancada ruralista e produtores rurais organizaram em Campo Grande o chamado Leilão da Resistência, destinado a arrecadar fundos para financiar ações contra a retomada de áreas reivindicadas pelos índios. De acordo com o presidente da Associação dos Produtores de Mato Grosso do Sul, Francisco Maia, já chega a 80 o número de propriedades invadidas.

Em entrevista ao Estado, ele disse: "O agronegócio vive aqui uma situação de completa insegurança jurídica. Não dá para aceitar esse descaso do governo com o setor mais competitivo da economia nacional, o que dá mais resultados."

A pedido dos índios, o leilão chegou a ser suspenso pela Justiça Federal. Mas os organizadores recorreram e ele foi liberado, com a exigência de que os valores obtidos fossem depositados em juízo, até o final do julgamento de ações que envolvem as ocupações.

Segundo os organizadores, a arrecadação teria atingido a marca de R$ 1 milhão.

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