Os números fazem parte de relatório que acaba de ser divulgado pelo grupo, em Recife, durante encontro que trata dos 50 anos do golpe militar e o papel da chamada Justiça de Transição. Segundo a apresentação, no período foram ouvidas 270 testemunhas, das quais 40 eram agentes de Estado a serviço da repressão política.
Do total dos casos investigados, 51% envolvem acusações de homicídio e 32% sequestro e desaparecimento das vítimas. Foram ajuizadas 8 ações penais e denunciados 17 agentes da repressão.
Eles foram investigados em casos que envolvem ocultação de cadáver, homicídio, fraude processual e associação criminosa armada. Os mais conhecidos entre eles são os coronéis da reserva Sebastião Curió Rodrigues de Moura, o Major Curió, e Carlos Alberto Brilhante Ustra. O primeiro participou da repressão à Guerrilha do Araguaia, e o segundo comandou o DOI-Codi de São Paulo, vinculado ao 2.º Exército.
O general Newton Cruz, que chefiou o Serviço Nacional de Informações (SNI) entre 1977 e 1983, foi um dos seis denunciados no episódio do Riocentro.
Do total das 8 ações apresentadas, duas estão em andamento duas ainda não foram apreciadas. A Justiça recusou outras quatro.
Os juízes basearam suas decisões na Lei da Anistia de 1979. O MPF está recorrendo em todos casos, sob a alegação de que os crimes contra a humanidade são imprescritíveis e não podem ser anistiados.
O congresso em Recife reúne representantes da Argentina, Guatemala, Uruguai e Brasil para promover a troca de experiências sobre a punição de crimes cometidos durante os regimes militares ocorridos na América Latina e sobre o direito à memória e à verdade.