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Movimentos, direitos, ideias

Fotos revelam a dor das famílias de desaparecidos

Continua aberta, no Arquivo Público do Estado de São Paulo, a exposição Ausências - Brasil, do fotógrafo argentino Gustavo Germano. Ela estreou em 2007 na cidade espanhola de Barcelona, onde Germano está radicado, e já passou pela Argentina, Itália, Suíça e França. Sua vinda ao Brasil, nesse momento de plena atividade da Comissão da Verdade, é patrocinada pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República.

Por Roldão Arruda
Atualização:

O trabalho denuncia a violência das ditaduras que se abateram sobre a América Latina - entre as décadas de 60 e 80 - recorrendo a uma forma simples e contundente. O fotógrafo selecionou várias famílias com uma história comum: a perda de um parente morto em decorrência da repressão política. Em seguida pediu a elas uma foto antiga, que apresentasse a família completa.

Estas fotos selecionadas estão na exposição, ao lado de uma outra, atual, feita no mesmo local, com as mesmas pessoas - exceto o morto ou desaparecido. A justaposição de imagens tem um efeito comovente, revelando a dor, o vazio, a ausência - que nomeia a exposição. Segundo Gilney Viana, coordenador do Projeto Direito à Memória e à Verdade, da Secretaria de Direitos Humanos, o efeito vai além do drama familiar: "Mostra também a perda política para todo o nosso povo."

 Foto: Estadão

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A exposição no Brasil tem uma seção dedicada a grupos familiares daqui. Um deles aparece na foto acima. Trata-se da família de Fernando Augusto Santa Cruz Oliveira, líder do movimento estudantil, desaparecido desde 1974.

Também figuram na mostra as famílias de Bergson Gurjão Farias, Luiz Almeida Araújo, Iuri Xavier Pereira, Alex Xavier Pereira, Arnaldo Cardoso Rocha, Ana Rosa Kucinski Silva, Jana Moroni Barroso, Virgílio Gomes da Silva, Luiz Eurico Tejera Lisboa, João Carlos Haas Sobrinho e Devanir José de Carvalho, todos mortos nos anos da ditadura militar.

O projeto começou na Argentina, onde cerca de 30 mil pessoas figuram em listas de mortos e desaparecidos nos anos da ditadura militar instaurada em 1976. Germano, originário de Entre Ríos, iniciou o trabalho na própria cidade natal, onde um de seus irmãos foi assassinado, aos 18 anos.

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 Foto: Estadão

A exposição no Arquivo Público apresenta uma parte do conjunto de 14 famílias argentinas fotografadas. Uma delas aparece cima: à esquerda estão dois irmãos; e, à direita, o que sobreviveu.

A exposição ficará aberta até o dia 1.º de abril, no horário das 9 às 17 horas, de segunda a sexta-feira. A partir de janeiro também haverá abertura para visitação em alguns sábados. Para saber mais é preciso consultar o site do arquivo, na internet.

Acompanhe o blog pelo Twitter @Roarruda

 

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