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Comissão Nacional vai apontar cadeia de comando no caso da morte de Rubens Paiva

Mais documentos sobre o caso de Rubens Beyrodt Paiva, desaparecido desde 1971, serão divulgados nos próximos dias. Devem confirmar o nome do militar que teria sido responsável pela operação que resultou na tortura e morte do ex-deputado.

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Por Roldão Arruda
Atualização:

A divulgação será feita pela Comissão Nacional da Verdade. Sua preocupação é apontar a cadeia de comando das operações que envolvem esse e outros casos de graves violações de direitos humanos.

No dia 20 de janeiro de 1971, o ex-deputado foi preso em sua casa, sob a acusação de manter correspondência com exilados políticos. Segundos os militares da Aeronáutica que foram buscá-lo, sem mandado, sem identificação, seria apenas para prestar depoimento.

 Foto: Estadão

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Paiva nunca mais foi visto e figura desde então na lista de mortos e desaparecidos. Em 1986, o médico Amílcar Lobo, ex-tenente do Exército que atendia torturados no Destacamento de Operações de Informações do 1.º Exército, disse que o viu em estado crítico, nas dependências daquela instituição. Mais tarde surgiram documentos comprovando que ele passou por lá.

A versão oficial divulgada na época, porém, foi outra. Os militares disseram que, ao ser levado para fazer o reconhecimento de um aparelho clandestino, Paiva teria sido sequestrado por companheiros terroristas.

Essa foi a versão apresentada à imprensa na época. No livro Segredo de Estado, O Desaparecimento de Rubens Paiva, o jornalista Jason Tércio fez uma lista das manchetes dos jornais do Rio logo após o suposto sequestro.

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No dia 23 de janeiro de 1971, um sábado, o principal título da primeira página de O Globo dizia: Terror Liberta Subversivo de Um Carro dos Federais. No Jornal do Brasil o título foi: Terroristas Metralham Automóvel da Polícia e Resgatam Subversivo. A Tribuna da Imprensa registrou: Terror Resgatou Preso em Operação-Comando.

Nesta quinta-feira, 6, o Jornal Nacional, da TV Globo, divulgou importante depoimento sobre o caso, feito pelo coronel da reserva Raimundo Ronaldo Campos. Ao depor perante a Comissão Estadual da Verdade do Rio, ele admitiu que participou da armação da farsa do sequestro.

 Ainda capitão naquela época, ele e mais dois companheiros metralharam e atearam fogo no carro, atribuindo o atentado a terroristas. Campos disse que obedecia ordens de seus superiores e que sabia tratar-se de uma operação para ocultar a morte de um prisioneiro. O depoimento foi feito em novembro.

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