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Movimentos, direitos, ideias

Chalita, à vontade entre católicos, sobretudo carismáticos

No encontro promovido pela Arquidiocese de São Paulo entre candidatos a prefeito, na quinta-feira, 20, ninguém esteve tão à vontade quanto o ex-seminarista Gabriel Chalita (PMDB). Já na chegada, na saudação inicial, marcou dois pontos. O primeiro foi por nominar corretamente a audiência. Citou  "arcebispo,  bispos,  padres,  diáconos,  religiosos e  religiosas". O segundo, por enfatizar que, caso vença as eleições, sua administração se dedicará à redução das diferenças entre ricos e pobres - tema recorrente na doutrina social da Igreja.

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Por Roldão Arruda
Atualização:

No decorrer do debate, foi o único a arrancar aplausos espontâneos da audiência em duas ocasiões. Uma por elogiar o trabalho que Luiza Erundina (PSB) realizou na área de habitação, no período em que administrou São Paulo, entre 1989 e 1993, quando ainda era filiada ao PT. "Com um orçamento ínfimo, ela fez em quatro anos muito mais do que foi feito nos oito anos da atual gestão", afirmou, criticando o período administrativo de José Serra (PSDB) e Gilberto Kassab (PDS).

 Foto: Estadão

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Erundina até hoje é muito respeitada pelas pastorais sociais da Igreja em São Paulo. Ao ouvir os aplausos, contidos pelos organizadores, Fernando Haddad (PT) deve ter mais uma vez lastimado não contar com a ex-prefeita em sua chapa. Mas não perdeu a pose. Logo em seguida o petista lembrou à audiência o apoio dela à sua candidatura: "Ela vem rodando a cidade em busca de apoio para meu nome."

A segunda ocasião em que aplaudiram Chalita foi quando criticou a ausência do candidato Celso Russomano (PRB), fazendo coro ao anfitrião, o arcebispo d. Odilo Scherer. "É um candidato sem proposta nenhuma, que nem veio aqui hoje", atacou.

CARISMÁTICOS

Chalita lembrou que já foi seminarista, na congregação dos padres salesianos; participou do Instituto Jacques Maritain, associação católica de estudos; e fez carreira acadêmica na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), onde concluiu dois doutorados. Do ponto de vista político, porém, o mais importante para ele foi sua aproximação com os carismáticos, movimento católico conservador que se destaca pelo uso da mídia para a evangelização.

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Para quem quiser entender os motivos que levaram Chalita e se eleger como o vereador mais votado de São Paulo, nas eleições de 2008, é indispensável analisar suas relações com a Canção Nova - rede nacional de rádio e TV controlada pelos carismáticos. Deve-se tomar a mesma trilha na eleição de 2010, quando ele obteve 560 mil votos, tornando-se o segundo candidato mais votado do Estado, perdendo apenas para o palhaço Tiririca (PR). 

 Foto: Estadão

"Nunca usei da Igreja para fazer proselitismo político, mas nunca neguei o que a Igreja fez por mim", disse Chalita no encontro promovido pela Arquidiocese de São Paulo, referindo-se à formação que recebeu.

No decorrer de sua apresentação, foi enfático ao assegurar que pretende manter e ampliar as parcerias com organizações católicas que atuam nas áreas de assistência social, educação e saúde. Era um dos temas mais caros à audiência, como lembrou um dos escolhidos para fazer perguntas aos candidatos, o padre José Geraldo Rodrigues Moura.

Atuando na área das pastorais sociais, o padre afirmou que 90% dos convênios mantidos atualmente pela Prefeitura na área de assistência à infância e juventude, com repasse de verbas, foram firmados com organizações católicas - congregações religiosas, paróquias e dioceses.

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