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Movimentos, direitos, ideias

A Casa da Morte, no foco da Comissão da Verdade

A Comissão Nacional da Verdade está definindo aos poucos alguns de seus principais focos de interesse. A Casa da Morte, em Petrópolis, é um deles. No próximo dia 13, no Rio, quando se reunirem com representantes de comitês da verdade e  de organizações sobre  mortos e desaparecidos que funcionam no Estado, os integrantes da comissão vão abordar o assunto.

Por Roldão Arruda
Atualização:

A Casa da Morte é o nome como ficou conhecido o local de operações clandestinas que o Centro de Informações do Exército (CIE) montou e manteve no centro de Petrópolis, na década de 1970. Os fatos ali ocorridos são citados recorrentemente na literatura sobre violações de direitos humanos no período do regime militar. Cerca de vinte presos políticos teriam sido executados na casa.

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O jornal O Globo publicou dias atrás uma reportagem com um militar que atuou no centro clandestino, o  tenente-coronel reformado  Paulo Malhães, mais conhecido na época pelo seu codinome, Doutor Pablo. O delegado aposentado Claudio Guerra, que atuava em operações conjuntas da polícia civil com o Exército, também fez referências à casa no livro Memória de Uma Guerra Suja, lançado em maio.

As primeiras referências públicas ao centro clandestino, localizado na Rua Arthur Barbosa, 668, no centro de Petrópolis , foram feitas pela ex-presa política Inês Etiene Romeu.  Ela esteve detida na casa entre 8 de maio e 5 de agosto de 1971 e presenciou a passagem por ali de vários militantes de esquerda considerados desaparecidos.

 Foto: Estadão

Inês escreveu seu primeiro relato em 1971. O texto só pôde ser divulgado, porém, em 1979. Ela relatou que, durante o período em que esteve presa, foi torturada, humilhada e estuprada. Não foi morta porque teria fingido aceitar um acordo, pelo qual passaria a atuar como agente infiltrada do Exército entre organizações de esquerda. O relato de Inês levou à identificação do médico e ex-militar Amílcar Lobo, conhecido na Casa da Morte pelo codinome Doutor Carneiro. Segundo a ex-militante da organização VAR-Palmares, o médico, que teve seu registro cassado pelo Conselho Regional de Medicina do Rio, colaborava com os torturadores. Além da reunião com os comitês estaduais, a Comissão Nacional da Verdade permanecerá no Rio, para uma reunião de trabalho, no dia 14. Na segunda-feira, em Brasília, a comissão esteve reunida com representantes de comitês da sociedade civil de 19 Estados. Eles apresentaram sugestões e entregaram três caixas de documentos sobre o período do regime militar.      

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