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Vereadores de Campinas elegem Pedro Serafim Júnior (PDT) para mandato-tampão de 8 meses; veja como foi a votação

Bruno Lupion, do estadão.com.br

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Por Redação
Atualização:

CAMPINAS - A Câmara Municipal de Campinas definiu nesta terça-feira, 10, por eleição indireta, o novo prefeito da cidade para um mandato-tampão de 8 meses. Pedro Serafim Júnior (PDT) recebeu 22 votos de um total de 33 vereadores e terá como missão por fim à instabilidade política na cidade, que assistiu às cassações do prefeito Hélio de Oliveira Santos (PDT) e do vice-prefeito Demétrio Vilagra (PT) entre agosto e dezembro do ano passado. Ambos perderam os mandatos após se envolveram em denúncias sobre um esquema de corrupção e desvio de dinheiro público na Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento (Sanasa) de Campinas.

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Serafim Júnior já comandava a prefeitura interinamente há três meses, quando deixou a presidência da Câmara Municipal para assumir o Executivo em virtude da cassação do vice-prefeito. Em seu discurso, ele afirmou que priorizará a aplicação de um plano de transparência, composto de ações para prevenir práticas de corrupção e o mau gerenciamento do orçamento da cidade. Além do tom moralizador, Serafim Júnior prometeu efetuar um "choque de gestão" para favorecer o crescimento econômico de Campinas e melhorar a qualidade dos serviços públicos.

O segundo colocado, Arly Arly de Lara Romêo (PSB), teve cinco votos - incluindo o dele próprio - e não contou com o apoio dos três vereadores do PT, apesar de a executiva estadual petista ter aprovado, na segunda-feira, 9, uma nota de orientação para que eles votassem no candidato do PSB. O gesto, segundo o presidente estadual do PT, Edinho Silva, seria um sinal de "boa vontade" do partido em busca do apoio dos socialistas à candidatura de Fernando Haddad para a Prefeitura da capital paulista. Ao assumir a tribuna, porém, Jaírson Canário (PT), declarou que os vereadores do partido iriam se abster da votação. Em seguida, Josias Lech (PT) também se absteve e Angelo Barreto (PT) faltou à sessão. Os dois vereadores do PV - Vicente Carvalho e Zé do Gelo - também se abstiveram de votar.

O candidato Antonio Francisco dos Santos (PMN), que nas campanhas usa a alcunha de "o politizador", teve um voto - o dele próprio - e o procurador José Ferreira Campos Filho (Sem partido) não recebeu nenhum voto.

Apesar do grande número de cidadãos presentes no plenário da Câmara, a eleição transcorreu rapidamente e o resultado da votação foi proferido após pouco mais de uma hora de sessão.

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Veja abaixo como foi a votação: Foto: Estadão

10h - Quatro candidatos concorrem à eleição: os vereadores Pedro Serafim Júnior (PDT), Arly de Lara Romêo (PSB),Antonio Francisco dos Santos (PMN) e o procurador José Ferreira Campos Filho (PRTB). Como foram inscritas mais de duas chapas, será necessário obter maioria absoluta (17 votos) para vencer a disputa. Caso este número não seja alcançado, os dois mais votados vão para segundo turno, com eleição por maioria simples. Se for necessário um segundo turno, será realizado no mesmo dia. Em caso de empate, será eleito o candidato mais velho.

10h10 - A galeria da Câmara Municipal está lotada, com assessores e cidadãos. Cada candidato terá a palavra por 30 minutos.

10h20 - O primeiro candidato a assumir a tribuna é Arly de Lara Romêo (PSB): "Entrei nessa disputa com o compromisso de trabalhar pela cidade, e afirmo que não sou candidato nas eleições de outubro. Se eleito, estarei concentrado na solução dos problemas de Campinas. Precisamos de estabilidade política na cidade e inspirar a autoestima da população. Sou candidato com apoio de várias siglas partidárias. Respeito e zelarei pela independência da Câmara. Vou criar um conselho de notáveis para levantar ideias para a cidade.

Na área da saúde, uma das mais problemáticas hoje, pretendo resolver problema do desabastecimento de medicamentos básicos e recuperar o funcionamento nas unidades básicas de saúde. Em relação à educação, quero desenvolver parcerias com instituições para ampliar as vagas em creche. Também vou contatar o BNDES para fazer o estudo técnico de um sistema de metrô na nossa cidade. Na área de habitação, quero ampliar as parcerias com os governos estadual e federal e ampliar o programa de financiamento de material de construção.

Na cultura, é preciso terminar a reforma do teatro municipal Castro Mendes. É uma aberração que em Campinas, terra de Carlos Gomes, essas obras ainda não estejam prontas. Também é preciso atenção para o conserto de calçadas, ampliação de banheiros públicos, criação de novos estacionamentos nas áreas centrais. Vamos concluir a discussão e votação das macrozonas, que representam a garantia do desenvolvimento da cidade."

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Durante a fala, manifestantes seguravam cartazes com os dizeres: "Vossa opinião não importa" , "Você não nos representa" e "Legitimidade zero"

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10h35 - Pedro Serafim Junior (PDT), ex-presidente da Câmara que assumiu a prefeitura por três meses, inicia seu discurso, sob vaias: "Fomos acusados de golpe, de tirar um prefeito à força, mas não foi isso que aconteceu. Esse processo que ocorreu em Campinas está previsto na nossa Constituição. Coloco-me como candidato pois, na condição de presidente da Câmara, fui chamado para conduzir a prefeitura após o impeachment do prefeito e do vice-prefeito.

Nesse período, deparei-me não apenas com os problemas decorrentes da crise de governabilidade, mas encontrei também uma grave crise administrativa, ou seja, de governança. A crise de governabilidade, nesses 90 dias, nós eliminamos. Abrimos as portas da prefeitura para o exercício da fiscalização pela Câmara, pelo Ministério Público (MP), pelo Tribunal de Contas, pelo Judiciário e pela população. O MP é cientificado de todos os atos que demandem a sua atuação, a Justiça pouco interveio, pois conquistamos novamente a sua confiança, e a população tem canais para ser ouvida.

Mas não adiante termos governabilidade se não houver governança, e isso só ocorre quando o governo tem condições financeiras e administrativas para efetivar as decisões que toma. Seus servidores estão desestimulados. Por isso, determinei o desenvolvimento de um trabalho para proporcionar governança. Assim, se tiver a honra de ser eleito pelos vereadores, executarei um trabalho firme e obstinado com resultados concretos para a população, para que tenhamos eficiência nos serviços públicos, sem deixar de lado a legalidade e a moralidade.

O que o cidadãos de Campinas anseiam nesse momento é a superação da crise, desejam que nosso prefeito traga propostas sérias e responsáveis, que permitam resgatar por completo sua confiança. Só assim podemos restabelecer o progresso, atraindo investimentos e propiciando um desenvolvimento sustentável. Assim, compete ao prefeito a tomada de medidas urgentes e firmes para a nossa população, que transcendem as mudanças de poder político que o município enfrentou nos últimos meses. Dentre esses planos, está o plano de transparência, composto de várias ações para a melhoria da administração municipal, prevenindo a corrupção e o mau gerenciamento do orçamento público.

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Além do plano de transparência, tenho o compromisso de efetuar um choque de gestão, a fim de  conquistar o tão almejado crescimento econômico e a melhoria dos serviços prestados para o povo de Campinas. Pude perceber que Campinas não tem um plano estratégico para investir em políticas públicas de longo prazo. Para isso, já iniciamos o levantamento de questões críticas. Muitos desses projetos dependem do engajamento do prefeito, de sua capacidade de liderança e de sua credibilidade e confiança. Sinto-me experiente para motivar as pessoas e concentrar todas as minhas energias no resgate da moralidade em nosso município. O período será curto, mas já disse que é necessário fazer do breve o intenso. Esperem de mim a disposição de uma chama infinita em prol do interesse público de Campinas"

10h45 - O candidato Antonio Francisco dos Santos (PMN) assume a tribuna: "Quero administrar Campinas para dar um basta na corrupção e peço a todos munícipes que venham participar efetivamente do processo administrativo desta cidade. Caso seja eleito, quero a participação do povo na administração, a participação dos pagadores de impostos. Eu sou apenas um instrumento político para administrar a nossa cidade. Se vocês querem transparência, honestidade e uma boa administração, quero que vocês participem.

Cheguei aqui, na Câmara Municipal, gastando apenas R$ 800 na minha campanha. Não estou aqui através do vil metal nem estou em busca do vil metal. Estou aqui para ampliar a consciência política da população. Atravessamos uma situação muito espinhosa quando foi formada uma Comissão para averiguar as questões de corrupção na Sanasa. Era uma comissão da 'chapa branca', para colocar as mazelas para debaixo do tapete. Foi aí que Dr. Hélio dançou, pois o objetivo não era dar transparência. Era esconder debaixo do tapete. Dias depois, em uma manhã de uma segunda-feira, o pessoal que estava roubando a Sanasa e lesando o cofre público estava todo dentro do camburão. Diante disso, cassamos o prefeito e, em seguida, o vice-prefeito."

10h55 - O candidato e procurador José Ferreira Campos Filho assume a tribuna: "O processo de escolha do prefeito está na Constituição e na Lei Orgânica do Município. A crise que Campinas atravessa não foi criada pelo cidadão, e somente se resolve dentro da Constituição. É preciso dar um basta na corrupção, na demagogia e na covardia. Vereadores, não votem em quem lhes tem oferecido vantagens, mas em quem tem condições de tirar Campinas desse mar de lama. Se eleito para o mandato-tampão, não disputarei as eleições de outubro e entregarei o cargo para o próximo prefeito. Na frente administrativa, precisamos botar o dedo na ferida, nossa administração está obsoleta e pesada. É preciso reduzir o numero de cargos de confiança, de cerca de 800 para 60."

11h05 - A mesa diretora contou 30 vereadores presentes e foi iniciada a votação.

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11h20 - Encerrada a votação. Pedro Serafim Junior (PDT), atual prefeito e ex-presidente da Câmara, foi eleito com 22 votos. Confira abaixo o resultado completo:

Pedro Serafim Junior (PDT) - 22 votos

Arly de Lara Romêo (PSB) - 5 votos

Antonio Francisco dos Santos (PMN) - 1 voto

José Ferreira Campos Filho (Sem partido) - Nenhum voto

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Abstenções - 5

 Foto: Estadão
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