O candidato do PSDB à Presidência, José Serra, evitou hoje comentar diretamente os ataques do PCC contra alvos da Polícia Militar, no fim de semana, em São Paulo. Ao ser questionado se temia o uso político do episódio por adversários durante a campanha, o tucano citou dados do governo que mostram uma "continuidade da melhora das condições da segurança" no Estado de São Paulo.
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O candidato do PSDB, da entrevista na Liberdade, em São Paulo
"Não tenho todos os elementos nesse momento. Os dados da segurança em São Paulo mostram a continuidade da melhora das condições de segurança, que começou no final da década passada, com o (ex-governador Mário) Covas, prosseguiu de maneira muito firme e impressionante durante o (governo de Geraldo) Alckmin e que se manteve no nosso governo", afirmou durante coletiva na Associação Cultural e Assistencial da Liberdade (Acal), no bairro da Liberdade, em São Paulo.
De acordo com o tucano, há uma "tendência decrescente" do crime no Estado. Serra citou a redução na taxa de homicídios no segundo trimestre de 2010, e usou dados de junho para comparar a situação da segurança em São Paulo a de países desenvolvidos. "Nos últimos meses, (a taxa) chegou a cair a uma taxa inferior a 10 (homicídios por cem mil habitantes), que é uma taxa que se observa em países mais desenvolvidos."
Debate
O candidato do PSDB também negou que irá dar atenção especial nesta semana à sua preparação para o primeiro debate presidencial na TV, que acontece na próxima quinta-feira, 5, na Band, com a presença das candidatas do PT, Dilma Rousseff, do PV, Marina Silva, e do PSOL, Plínio de Arruda Sampaio. "Eu estou diariamente preparado para debates", disse.
De acordo com Serra, as entrevistas que ele concede no dia-a-dia da campanha exigem tanto quanto os debates com outros presidenciáveis. "Todo dia numa campanha a gente tem que estar preparado, e eu estou preparado nesse sentido, respeitando os adversários. Espero que seja um debate em que a gente possa efetivamente debater ideias", acrescentou.
As declarações do tucano coincidem com a avaliação de aliados, que relativizaram a importância deste primeiro embate direto entre os presidenciáveis. Segundo um líder de um partido coligado ao PSDB, o debate terá um impacto menor na campanha. "Não vai ser um debate no início da campanha que vai mudar o quadro", disse a fonte, para quem a audiência do programa será "pequena".
O tucano previu ainda uma intensificação do trabalho nas próximas semanas. Ele descartou, entretanto, se dedicar mais às gravações do que à campanha de rua, com a aproximação dos debates e o início da propaganda eleitoral no rádio e TV, no próximo dia 17. "Não dá para fazer só televisão e não dá para não fazer televisão e ficar só na rua. Tem que juntar as duas coisas. O que vai acontecer é que temos que trabalhar mais", disse. "Mas os rumos mais claros só vão estar definidos em meados de setembro", acrescentou.
'Daruma'
Antes de conceder a coletiva, Serra caminhou pelas ruas do bairro da Liberdade, no centro de São Paulo. O presidenciável entrou em lojas e ouviu reivindicações de eleitores. Para um rapaz que se identificou como catarinense, o tucano prometeu melhorar as condições da BR 470, que liga Navegantes, em Santa Catarina, a Camaquã, no Rio Grande do Sul.
Na Associação Cultural e Assistencial da Liberdade, o tucano foi recebido por lideranças políticas da comunidade nipo brasileira, que o presentearam com um 'Daruma' (talismã japonês). Segundo a tradição, quem recebe o Daruma deve pintar o olho esquerdo e fazer um pedido. Caso o desejo seja realizado, o outro olho precisa ser pintado, em sinal de gratidão. Questionado sobre que pedido fez, Serra afirmou desejar "levar o Brasil para frente" e garantiu que voltará a associação em "outubro ou novembro" para pintar o outro olho.