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Ex-deputado Plínio de Arruda Sampaio morre em São Paulo

Militante por 60 anos na esquerda católica, cassado, exilado e constituinte, disputou a Presidência pelo PSOL em 2010, ficando em 4º lugar

Por Lilian Venturini
Atualização:

Gabriel Manzano

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Atualizado às 22h - Em decorrência de "falência múltipla de órgãos e sistemas", morreu nesta terça-feira, 8, em São Paulo o ex-deputado Plínio de Arruda Sampaio, que em 2010 ficou em quarto lugar na disputa pela Presidência da República pelo PSOL. Internado desde o início de junho no Hospital Sírio-Libanês, ele tratava de um câncer ósseo. Em nota distribuída no fim da tarde, o hospital informa que a morte ocorreu às 16h45.

Aos 83 anos, 60 deles dedicados à política - e, persistentemente, à esquerda católica - Plínio esteve no centro dos debates sobre um modelo para o Brasil desde sua adolescência, quando se encantou com a Teologia da Libertação e foi militar na Juventude Universitária Católica (JUC). Nessas seis décadas, ele brigou pelas reformas de base no governo João Goulart, exilou-se, voltou ao País, ajudou a fundar o PT e a fazer a Constituinte. Em 2010 candidatou-se pelo PSOL à Presidência, ficando em 4.º lugar, com 887 mil votos. Em junho do ano passado, estava na Avenida Paulista, nos protestos contra o aumento das tarifas.

"O PSOL e o País perderam um grande protagonista da história recente e da luta pela justiça social e pela democracia no Brasil", afirmou em nota o presidente do partido, Luiz Araújo. O presidente do PT, Rui Falcão, definiu Plínio como "um homem raro e fundamental" na história do PT, que "deixou cravado, para sempre, sua determinação, seu companheirismo, sua sabedoria". Em nota oficial, o governador Geraldo Alckmin definiu Plínio como "promotor de Justiça exemplar; um deputado constituinte vibrante; um homem público de convicções". "Não tenho o que dizer. Plínio estava acima de qualquer referência entre os homens públicos do Brasil", reagiu emocionado o sociólogo Francisco de Oliveira.

Casado, desde 1955, com Marietta Ribeiro, ele tinha seis filhos. O velório começa hoje às 8 horas na Igreja dos Dominicanos. O sepultamento será às 15 horas, no cemitério do Araçá.

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Exílio. Rigoroso em seus princípios políticos, sem ser incendiário mas com pouca vocação para ceder e negociar, Plínio persistiu, desde jovem, nas causas da esquerda católica. Formado em Direito, pela USP, entrou logo para o Partido Democrata Cristão. "Não tinha nada a ver com esses partidos democratas cristãos de hoje", dizia a amigos e nos discursos.

No conturbado ano final do governo João Goulart, ele defendeu com vigor, como deputado, as reformas de base - "o que me rendeu 12 anos de exílio", afirmou depois, sobre a longa temporada no Chile e nos EUA, onde se formou em Economia Agrícola. Na volta, batalhou para formar um partido de esquerda a partir do MDB e, não o conseguindo, decidiu ajudar na fundação do PT. Ao ver o petismo mergulhado no mensalão, decidiu abandoná-lo, aderindo ao Partido do Socialismo e Liberdade, o PSOL. "Não fui eu que saí do PT, foi o PT que saiu de mim", justificou ao deixar a sigla em 2005.

Na campanha à Presidência em 2010, Plínio teve um breve momento de sucesso ao participar de um debate na TV Band: suas respostas e provocações aos demais candidatos fizeram sucesso nas redes sociais. Em sua última batalha partidária, no PSOL, Plínio defendeu a candidatura da gaúcha Luciana Genro à Presidência - ela acabou derrotada pelo senador Randolfe Rodrigues, do Amapá. Com a desistência deste, Luciana tornou-se, enfim, o nome do partido para a disputa de outubro próximo ao Planalto.

 

 Foto: Evelson de Freitas/Estadão

 

 

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