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Mascarado e skatista votam no novo maior colégio eleitoral de São Paulo

Gonçalo Junior, de O Estado de S. Paulo

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Por João Coscelli
Atualização:

SÃO PAULO - Estevam Oliveira saiu de uma festa à fantasia no Sambódromo, no Anhembi, e foi direto votar na unidade Campo Limpo da Uniban (Universidade Bandeirante de São Paulo). Quis ganhar tempo e nem guardou a máscara do filme "V de Vingança", sua caracterização para a festa utilizada em tom de brincadeira, sem protestos. Por orientação dos mesários, tirou-a do rosto, mas ficou com ela nas mãos enquanto esteve na seção eleitoral.

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Estevam fez bem em sair direto da balada para o local de votação. Ele foi um dos primeiros dos 19.965 eleitores que votam na Uniban Campo Limpo, que ocupa este ano, pela primeira vez, o posto de maior colégio eleitoral de São Paulo. O Mackenzie, líder histórico em votações anteriores, hoje conta com 18.185 votantes. "Quando saí, a fila já estava enorme", conta o assistente financeiro.

Os eleitores que chegaram depois de Estevam, por volta das 7h45, encontravam uma fila que já dobrava a esquina da Estrada do Campo Limpo com a entrada para o terminal rodoviário. Embora o Tribunal Regional Eleitoral não tenha registrado nenhuma ocorrência grave, o saguão e as escadarias da faculdade estiveram movimentadas o dia todo.

Às 14h, período tradicionalmente tranquilo nos pleitos anteriores, o trânsito nas imediações da avenida Francisco Morato estava caótico, com motoristas se aventurando na contramão e os pedestres brigando para atravessar a rua. Uma hora antes do final da votação, a rampa de acesso e as escadarias permaneciam lotadas. "Percebi um aumento grande do número de pessoas, mas não demorei muito na fila. Está tudo organizado", elogiou o eleitor Hernandes dos Santos Vaz.

Os 14 degraus do primeiro lance de escadas da Uniban foram vencidos em dois tempos pela cabeleireira Lourdes Isabel de Paula. Na metade, ela parou para recuperar o fôlego. Embora sofra de diabetes, a moradora do Campo Limpo preferiu usar as escadas ao acesso para deficientes físicos. "Como tenho a saúde debilitada, gostaria que o próximo perfeito cuidasse melhor dos nossos hospitais", diz a mineira, que afirma com orgulho que é afilhada do ex-presidente da República, Itamar Franco, morto em 2011.

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Mais de oito horas depois da chegada do mascarado Estevam, o designer Elicristian Lima Aragão também deu o seu recado, conciliando o visual de skatista com o discurso politizado. Ele votou nulo para prefeito, mas afirma que o fez de maneira consciente, nada de rebeldia sem causa. "Pesquisei bastante e cheguei à conclusão de que nenhum dos candidatos merecia o meu voto".

Preocupado com a eliminação dos espaços para prática do seu esporte favorito, como a Praça Roosevelt e o Parque do Ibirapuera, Elicristian afirma que o marketing dos candidatos tomou o lugar da exposição de ideias. "A política virou apenas um teatro de aparências", critica.

 Foto: Estadão
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