Marco Aurélio Garcia, coordenador do programa de governo da campanha de Dilma, disse nesta quarta-feira, 18, após debate entre presidenciáveis, que a subida no tom das declarações de Serra se deve a uma ambiguidade que marca a sua campanha. Ele também voltou a criticar o que chamou de posições de direita do principal adversário da petista, como havia feito no fim de julho deste ano.
"Consciente do enorme êxito e popularidade do governo Lula, Serra se viu constrangido de fazer oposição nos seus primeiros discursos. Por isso falou em unir o País, etc. No entanto, esse discurso não emplacou - não sei por quê. Aí ele passou a ter uma conduta mais errática, guardando alguma coisa disso, mas tentando atacar mais", analisou Garcia.
Segundo o petista, Serra enfrenta problema que "a oposição toda está enfrentando. Passaram oito anos batendo no Lula, então agora não podem dizer que vão continuar o governo Lula". E insistiu: "Essa ambiguidade está matando o Serra e não sei se há solução para ela".
Garcia falou novamente da "lamentável guinada à direita" do candidato tucano. "O PSDB não é um partido de direita, mas pode ser às vezes o partido da direita", provocou.
Segundo o assessor de assuntos internacionais da Presidência, as posições assumidas por Serra sobre o narcotráfico na Bolívia, as Farc, o Mercosul "são a agenda da extrema-direita, é o nosso 'Tea Party' [em referência ao movimento conservador norte-americano]". E completou: "Essas coisas são ruins para o PSDB. E sabe o que vai acontecer? Parte do eleitorado do PSDB vai desgarrar, em razão de certos conteúdos de direita que ele começa a veicular".
Questionado sobre a vantagem de Dilma nas pesquisas e o clima de 'já ganhou' que pode afetar a campanha, Garcia foi mais cauteloso --e fez analogia futebolística, lembrando a final da Taça Libertadores, que acontece nesta quarta-feira. "O Internacional, meu time, vai jogar em condições muito favoráveis contra o Chivas lá em Porto Alegre, e eu não acho que já ganhou".