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DEM quer 'zerar o jogo' na indicação do vice de Serra

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Por Luís Fernando Bovo
Atualização:

Julia Duailibi, 'O Estado de S.Paulo', e André Mascarenhas, estadão.com.br

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O DEM sinalizou hoje que pode até aceitar uma chapa puro-sangue do PSDB, mas não admite a maneira como os tucanos escolheram e anunciaram o senador Álvaro Dias (PSDB-PR) como vice de José Serra à Presidência da República. Por isso, a expectativa do partido agora é de que o processo seja revisto, com a eventual indicação de um novo nome.

"O que queremos é que aquilo que estava conversado lá atrás se reconduza. Isto é, zerar o jogo, retomando o compromisso que existia há três semanas: a discussão parceira, entre esses dois partidos, do nome do vice", explicou o líder do DEM no Senado, José Agripino (RN), ao deixar o hotel Emiliano, em São Paulo.

Após um dia inteiro de reuniões com líderes tucanos, Agripino e o presidente do DEM, deputado federal Rodrigo Maia (RJ), deixaram no fim da tarde de hoje a capital paulista em direção à Brasília, onde o encontro para discutir o parceiro de chapa de Serra deve continuar. O DEM realiza amanhã, a partir das 8 horas, sua convenção nacional.

A tese defendida por Agripino é de que, mais do que indicar um de seus quadros para a vice de Serra, o DEM participe da escolha, como protagonista. Por isso o "zerar o jogo" defendido por ele. De acordo com o senador, o que incomodou o partido foi "o anúncio sem o conhecimento prévio, sem a discussão prévia" entre as duas legendas. "Não era esse o combinado", lamentou.

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O deputado Rodrigo Maia, por sua vez, procurou demonstrar que, apesar do desentendimento, a aliança entre os dois partidos está mantida. "O Democratas tem toda a vontade de continuar nessa aliança. Acreditamos na vitória de Serra. Agora, o partido não pode ir desunido à convenção nacional", afirmou, ao deixar o hotel.

Ele comparou a celeuma provocada pela escolha de Alvaro Dias com uma "crise" no casamento entre os dois partidos, mas garantiu que as diferenças serão superadas. "O casamento está em crise, mas todo casamento em crise precisa de maturidade", disse.

Agripino, no entanto, indicou que, para que volte a haver harmonia entre os dois partidos, é necessário que o PSDB desista do nome de Alvaro Dias. "A forma do encaminhamento é que é importante. A forma de você, de uma maneira parceira, encontrar um nome que consulte os interesses da oposição, passando pelo PSDB e pelo Democratas", disse o senador do DEM. Ainda segundo ele, os dois partidos devem apresentar novos nomes para que a discussão seja retomada. "Aguardamos agora, por parte do PSDB, um encaminhamento novo, como novos nomes", concluiu.

 

Ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o senador Sérgio Guerra chegaram às 13h10 no Hotel Emiliano para reunião com dirigentes do DEM. Foto: Filipe Araújo/AE

A confusão em torno da escolha de Álvaro Dias como vice na chapa de Serra começou na última sexta-feira, quando o ex-deputado Roberto Jefferson escreveu em seu Twitter que o senador paranaense foi indicado para a vaga pelo PSDB.

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Tucanos

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Os tucanos deixaram a reunião com os líderes do DEM um pouco antes da saída de Rodrigo Maia e Agripino, e também admitiram não haver um acordo sobre a indicação do vice. "Nós estamos desde ontem conversando com o DEM. Essa conversa começou ontem à noite, continuou hoje e vai terminar mais tarde", disse o presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE).

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que também participou da reunião, disse que está otimista, ao contrário da sinalização do DEM. Questinado se estava certo de que havaria acordo entre os dois parceiros, afirmou: "Certeza, não se pode dizer que sim. Mas estou otimista".

O ex-presidente disse ter participado do evento para se "informar". "As coisas estão evoluindo. Você tem que dar tempo ao tempo. Não se faz política por precipitação. Temos que conversar muito". Questionado sobre a proximidade da convenção do DEM, ele disse: "Há muito tempo até amanhã".

As cúpulas do DEM e do PSDB estavam reunidas desde a manhã de hoje. Ontem à noite, houve uma reunião, que também não resultou em acordo. Participaram do encontro de hoje o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM),  e o ex-senador Jorge Bornhausen. Pelo lado tucano, além de Guerra e FHC, estiveram o senador Cícero Lucena (PB), o líder do PSDB na Câmara, João Almeida (BA), e o candidato ao Senado por São Paulo, Aloysio Nunes Ferreira.

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Atualizado às 17h56

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