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Cenário político: convenções partidárias e votações no Congresso

Por Denise Madueño e Carol Pires

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Por Camila Tuchlinski
Atualização:

Em meio a um clima de campanha tenso, com presidentes de partidos adversários trocando farpas pelo Twitter, o plenário do Senado começa a votar os projetos do marco regulatório do pré-sal e a Câmara mantém, na prática, o tipo de recesso branco verificado na semana passada, quando nada é votado, mesmo com sessões marcadas. Sem perspectiva de votação agora, o projeto de novo Código Florestal vai gerar debates e polêmicas na comissão especial na Câmara.

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A semana política está voltada para os preparativos das convenções partidárias no fim de semana para formalizar as candidaturas à presidência da República. No lado dos tucanos, cresce a expectativa sobre a escolha do vice para a chapa do candidato José Serra. No lado petista, sai hoje o anúncio da aliança em Minas Gerais, condição imposta pelo PMDB para garantir os votos na convenção a favor da coligação com o PT.

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O PT nacional deve anunciar hoje o apoio do partido à candidatura do ex-ministro Hélio Costa (PMDB) ao governo de Minas Gerais para garantir a aliança em torno da candidata petista Dilma Rousseff com o PMDB. A decisão não deve por fim, pelo menos por enquanto, à insatisfação do PT mineiro de não ter um candidato próprio na disputa.

O desejo do ex-prefeito Fernando Pimentel (PT) era sair candidato ao governo, mas o partido vai ceder às pressões do PMDB, sem a garantia, no entanto, do empenho dos petistas mineiros na campanha de Costa.

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Na sexta-feira, o diretório nacional deve enquadrar o PT do Maranhão, também para cumprir exigência do PMDB. O partido do presidente do Senado, José Sarney (AP), quer que o PT retire o apoio, já aprovado, à candidatura do deputado Flávio Dino (PC do B-MA) ao governo no Estado e faça aliança com Roseana Sarney (PMDB), sua filha e candidata à reeleição.

No lado adversário, a expectativa da semana é a escolha do vice para a chapa de José Serra (PSDB). Com a negativa irreversível do ex-governador mineiro Aécio Neves (PSDB) de integrar a chapa, os tucanos avaliam a necessidade de anunciar um vice nesta semana para não enfraquecer o lançamento oficial de Serra na convenção nacional do partido marcada para sábado em Salvador.

Assim como o PSDB, o PMDB fará sua convenção nacional no sábado, em Brasília. Sem o desfecho favorável a Hélio Costa, o PMDB mineiro ameaçava não dar os votos de seus convencionais no sábado a favor da coligação com o PT com o vice Michel Temer (PMDB-SP), presidente da Câmara. A convenção nacional do PT será no domingo, dia 13, em Brasília.

Pré-sal

A oposição diz que votará contra, mas promete não obstruir a votação dos dois projetos do pré-sal previstos para serem votados nesta semana. Amanhã, os senadores deverão votar o projeto que cria o Fundo Social com parte dos lucros do novo petróleo, acrescido do modelo de partilha na produção e exploração do pré-sal em substituição ao sistema atual de concessão. Juntar esses dois projetos que foram enviados separadamente ao Congresso pelo governo foi a estratégia para isolar e adiar a discussão sobre a polêmica distribuição dos royalties.

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A distribuição mais igualitária dos royalties para todos os Estados e municípios foi incluída pelos deputados no projeto do modelo de partilha, mas retirado na tramitação da proposta no Senado para ser votado após as eleições. Com essa tática, o governo vai conseguir aprovar o que considera essencial no marco regulatório. Na quarta-feira, deverá ser votado o projeto de capitalização da Petrobrás. A proposta permite a cessão onerosa à Petrobrás, no prazo de 12 meses, de títulos da dívida pública equivalentes a cinco bilhões de barris de petróleo. Isto deve garantir à empresa capital necessário para os investimentos na extração do petróleo no pré-sal.

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O governo está mobilizando a base para cumprir esse calendário e aprovar os dois projetos. Como se trata de projetos de lei, a aprovação se dá por maioria simples. Ou seja, metade mais um de 41 senadores, pelo menos, presentes na sessão para garantir o quórum de votação. Os senadores marcaram a votação do projeto que cria a empresa Petro-Sal para a próxima semana.

O projeto do Fundo Social junto com o modelo de partilha terá de voltar à Câmara, depois de modificado pelos senadores. O líder do governo na Casa, deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), já pediu aos líderes da base empenho em suas bancadas para votar essa modificação na próxima semana. Com isso, a previsão é de conclusão da votação dos projetos do marco regulatório do pré-sal na terceira semana de junho.

Medidas provisórias perdem a validade

Com a prioridade voltada para aprovar os projetos do pré-sal, o governo faz corpo mole na votação pela Câmara das medidas provisórias que estão trancando a pauta. Assim que as MPs são votadas pelos deputados, passam a obstruir a pauta do Senado, atrapalhando a votação do pré-sal. Duas MPs deverão perder a validade nesta semana, a exemplo do que ocorreu na semana passada.

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Dificilmente haverá tempo suficiente para a aprovação destas duas MPs pelos deputados e pelos senadores até quinta-feira, quando expira o prazo de validade delas. A MP 481 autorizou a doação de alimentos para assistência internacional e a MP 482 trata de descumprimento a direito de patentes autorizado pela Organização Mundial do Comércio (OMC).

Código Florestal

Fora do plenário, ruralistas e ambientalistas vão para o embate na comissão especial sobre o projeto do novo Código Florestal. O relator do projeto, deputado Aldo Rebelo (PC do B-SP), entrega seu parecer nesta semana já com perspectiva de muita polêmica. Um dos principais pontos de discussão é a competência para editar leis de preservação ambiental.

Os ruralistas querem a transferência dessa autonomia, hoje da União, para os Estados, o que não é aceito pelos ambientalistas. Essa mudança permitiria aos Estados regulamentar os limites das Áreas de Proteção Permanentes (APPs) e as reservas legais. Além disso, os ruralistas querem mudanças no Código para evitar que os grandes proprietários tenham de recuperar áreas já degradadas.

Piso para os policiais

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Sem acordo em torno do projeto, é esperado um aumento de pressão sobre a Câmara por parte dos policiais para a votação da proposta de emenda constitucional que fixa o piso salarial para a categoria. O governo não aceita a definição do valor do piso na proposta, como quer os representantes dos policiais. Um acordo passa pela criação do piso por emenda constitucional, mas a definição do valor desse piso por meio de uma lei a ser enviada posteriormente ao Congresso.

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