Em encontro realizado neste domingo, 22, em Brasília, a tendência petista Militância Socialista, condenou qualquer proposta de aliança política com o PSD, do prefeito Gilberto Kassab, nas eleições municipais deste ano. A tendência, que fica à esquerda no espectro político petista e é coordenada pelo ex-deputado Renato Simões, secretário nacional de Movimentos Populares no partido.
Em nota divulgada após o encontro, a tendência petista define o partido recém-construído por Kassab como "uma reconfiguração da direita partidária que esgotou seu projeto no DEM e em outros partidos de oposição". Também afirma que o PSD "mantém de forma oportunista relações com os dois pólos da política nacional - o bloco liderado pelo PT no governo Dilma e o bloco liderado pelo PSDB na oposição - cultivando nos estados as alianças possíveis visando sua auto-construção".
Representantes de organizações da base do PT, tais como os movimentos de moradia e da área da saúde, já haviam se manifestado contra a aliança. Reportagem publicada no domingo no Estado, revelou que o nível de insatisfação é tão grande que alguns militantes históricos ameaçam deixar o partido. Agora são as tendências mais à esquerda na militância partidária - e também menos representativas no conjunto de grupos compõem o partido - que começam a se manifestar.
A resolução aprovada no encontro da Militância Socilista lembra que o 4.º Congresso do PT, no ano passado, não definiu uma política nacional sobre as relações com o PSD. Por isso, acreditam os militantes, o PSD não deva fazer parte do arco de alianças do PT para as eleições de 2012.
Tecnicamente, sem uma definição específica do Congresso, caberia ao diretório municipal definir se a aliança pode ou não ser feita. Mas, na avaliação da tendência coordenada por Renato Simões, "qualquer p roposta de aliança com o PSD deve ser analisada e aprovada pelo Diretório Nacional do PT".
A possibilidade de uma aliança do PSD com o PT foi aventada durante um encontro reservado entre o prefeito paulistano e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em São Paulo. Mais tarde, Lula comentou o assunto com dirigentes petistas, dando início ao debate interno.