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Artur Virgílio (PSDB) é eleito prefeito em Manaus (AM)

Alfredo Junqueira, enviado especial a Manaus

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Por João Coscelli
Atualização:

Atualizada às 22h15

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Ao obter 603.483 votos (65,95% do total), o ex-senador tucano Artur Virgílio conquistou mais do que a eleição a prefeito de Manaus neste domingo, 28. Sua vitória representa também uma nova base para o PSDB. Com a derrota em São Paulo, os tucanos passaram a considerar a eleição na capital do Amazonas - a sexta maior do País - como a mais importante para o partido este ano.

Virgílio ainda venceu a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula, que se engajaram pessoalmente na campanha derrotada da senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB). Os dois foram a Manaus para participar de comícios da aliada. Abater o tucano era um dos principais projetos de Lula, que, em discurso, disse que apoiaria até um candidato desconhecido contra o antigo desafeto - Virgílio foi um dos mais contundentes opositores no Congresso ao governo do ex-presidente. Vanessa teve 311.607 votos (34,05% do total).

Dois anos depois de perder a reeleição ao Senado justamente para Vanessa, o novo prefeito de Manaus obtém sua revanche e volta a ser um importante quadro da oposição na política nacional. O tucano já declarou que vai propor uma reunião nacional de seu partido depois do pleito para fazer um balanço dos resultados e reformular partes dos discurso político da legenda.

Após o anúncio oficial, Virgílio fez um longo discurso no qual anunciou uma reforma administrativa no município e informou que procuraria a presidente Dilma no início de fevereiro para formalizar parcerias em projetos de infraestrutura, como a construção de BRTs (linhas expressas de ônibus articulados). Segundo o tucano, a disputa eleitoral ficou para trás.

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"Os palanques acabaram. Ela tinha o dela, nós tínhamos o nosso. Aqui no Amazonas ganhou o nosso. Não quer dizer nada para ela, que até mexeu em pontos a favor para a candidata dela. Provou prestígio aqui em Manaus. Mas decisões na cidade devem ser tomadas pelo povo de Manaus", disse o prefeito eleito. "Nessa eleição enfrentamos forças poderosas e a vencemos. Não foi uma vitória minha ou do meu vice. Nem foi por causa dos nossos apoios. Nós as vencemos porque encarnamos o sentimento de mudança do povo de Manaus", afirmou o tucano.

Apesar da sinalização da disposição para um convívio harmonioso com o governo federal, Virgílio não perdeu a oportunidade para alfinetar os adversários. Pouco antes de votar, ao comentar o favoritismo apontado pelas pesquisas, o tucano disse que sua vitória representaria a independência de Manaus e que a cidade estava "acima de mandonismos e caciquismos".

O tucano também contou com um cacique nacional para reforçar sua campanha na reta final. Na quarta-feira, o senador e provável candidato do PSDB à presidência em 2014, Aécio Neves (MG), foi à capital do Amazonas para participar do comício de encerramento de campanha.

Na ocasião, o então candidato tucano disse que a presença de Aécio era um reconhecimento de seu partido da importância de sua vitória. Na derrota na disputa pela Senado em 2010, Virgílio ficou magoado com o partido, que, segundo ele, tratou sua candidatura como de segunda linha. O desentendimento fez com que se especulasse uma transferência do tucano para o PSD - algo já desmentido oficialmente pelo novo prefeito.

Derrota. Ainda pela manhã, Vanessa Grazziotin procurava justificar o desempenho de sua candidatura e explicar por que sua campanha não decolou mesmo com o apoio de Lula, Dilma e das principais lideranças da política local. Além do ex-presidente e de sua sucessora, a derrota da candidata comunista também atinge o senador e líder do Governo no Senado, Eduardo Braga (PMDB-AM), e o seu sucessor no governo do Estado, Omar Aziz (PSD).

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Vanessa se disse vítima de uma campanha suja e afirmou que pretende escrever um livro sobre a disputa eleitoral deste ano. "Eu, que não sou muito de escrever, estou pensando em escrever um livro sobre como alguns conseguem transformar verdades em inverdades e farsas. Essas coisas marcaram muito a campanha", disse.

Depois de confirmado o resultado, a candidata do PCdoB falou que não se sentia derrotada. "Tenho que agradecer a votação que recebi e, sobretudo, o carinho. Mesmo as pessoas que não votariam em mim me trataram com todo o respeito e dignidade. Recebo de maneira serena e digo que foi um aprendizado muito grande", disse Vanessa, que volta a Brasília amanhã de manhã, para retomar as atividades no Senado. Apesar do clima político acirrado, o Tribunal Regional Eleitoral do Amazonas (TRE-AM) não registrou episódios de violência durante a votação. No total, 21 urnas eletrônicas apresentaram problemas e foram trocadas.

 Foto: Estadão
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