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O Globo: Freixo evita fazer campanha em locais dominados por milícias

Por Lilian Venturini
Atualização:

Por O Globo

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RIO - O candidato a prefeito do Rio pelo PSOL, deputado estadual Marcelo Freixo, passou longe nesta campanha de bairros dominados por milicianos. Presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que indiciou, em 2008, integrantes de grupos paramilitares, Freixo não pedirá votos em localidades da Zona Oeste controladas por ex-vereadores e ex-deputados denunciados por ele. Antes do período eleitoral, o socialista chegou a dizer que não recuaria para ter acesso a esses territórios.

O relatório final da CPI das Milícias, associado a inquéritos da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco), resultou no indiciamento de 225 pessoas. No núcleo político estavam o ex-deputado estadual Natalino Guimarães e os ex-vereadores Jerônimo Guimarães Filho, o Jerominho, Cristiano Girão e Luiz André Ferreira da Silva, o Deco. Todos estão presos.

Os irmãos Natalino e Jerominho, por exemplo, são apontados como influentes, principalmente, em Campo Grande e bairros adjacentes. Girão, por sua vez, foi acusado de comandar uma quadrilha na Gardênia Azul, em Jacarepaguá. Já Deco tem atuação, segundo a CPI, na Praça Seca e no Tanque.

- Tenho que ter responsabilidade. Não posso levar riscos a outras pessoas. Não tem necessidade. É desnecessário. Os milicianos estão presos, mas os territórios ainda são dominados - admitiu Freixo, nesta segunda-feira.

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Além de não fazer corpo a corpo nessas regiões, Freixo não pôs placas e outros materiais de propaganda. Dos cem comitês voluntários criados para ajudar na divulgação da candidatura e que estão em seu site de campanha, apenas um aparece na lista de Freixo com sede na Zona Oeste. O nome do responsável, o endereço e o telefone, no entanto, não são divulgados.

- Eu vou a todos os bairros. Agora, ir nesses locais é inconsequência da minha parte. Não faz sentido - declarou Freixo.

Freixo foi à Zona Oeste, mas limitou-se a pedir votos apenas nos centros comerciais de bairros como Campo Grande, Realengo e Bangu. No último dia 15, o candidato do PSOL fez caminhada na comunidade do Terreirão, área sob influência de um grupo paramilitar, no Recreio dos Bandeirantes. Antes de Freixo chegar ao local, homens em motocicletas e a pé passaram em meio ao grupo de militantes do partido, acelerando os veículos e lançando sobre o grupo santinhos de campanha de um candidato a vereador supostamente apoiado pelos milicianos.

Dias antes do início da campanha, Freixo afirmou que iria à Zona Oeste, apesar das ameaças. O deputado cumpre agenda sempre escoltado por seguranças. Os deslocamentos são feitos em carro blindado.

- Enviei um ofício ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE-RJ), com cópia para a Secretaria estadual de Segurança Pública, informando que eu vou para a Zona Oeste. O estado tem que garantir segurança de todos os candidatos - ressaltou Freixo, em 5 de julho deste ano.

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Em outubro do ano passado, ao anuncia sua intenção de concorrer à Prefeitura do Rio, Freixo declarou que "iria enfrentar e fazer o que tem que ser feito":

- Já passei por isso na última campanha (em 2010) e tive que deixar de visitar comunidades dominadas por milicianos. Mas agora será diferente. Terei que ter um planejamento, mas vou enfrentar e fazer o que tem que ser feito. Temos que assumir essa fragilidade e enfrentá-la - disse Freixo, à época.

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