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Correio 24 Horas: Pelourinho vira centro de um cabo de guerra eleitoral entre DEM e PT

Por Lilian Venturini
Atualização:

Por Correio 24 Horas

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Campo de batalha, o principal cartão-postal da Bahia. Nos dois lados do front, grupos políticos adversários. O governador Jaques Wagner (PT) e o candidato a prefeito de Salvador ACM Neto (DEM) realizaram atos públicos no mesmo dia, horário e local, ontem, no Pelourinho, que ganhou apelo e espaço no programa de governo dos concorrentes à prefeitura devido às críticas de turistas e comerciantes.

Enquanto Wagner apresentou as bases comunitárias móveis e visitou as obras de requalificação da Vila Nova Esperança, a Rocinha, Neto realizou comício no Terreiro de Jesus, no evento Pelourinho Vivo. Os adversários políticos não se encontraram, mas nem precisava. Os discursos e atos davam o tom de que aquele território estava em disputa, e precisava ser demarcado.

"A marca do governo do PT está aqui no Pelourinho, que é a marca do abandono, do esquecimento, da falta de amor à Bahia", atacou o candidato democrata, para um público de cerca de mil pessoas. Do outro lado do Centro Histórico, sem usar tanto as palavras para marcar território, o governador - que apoia o candidato de seu partido, Nelson Pelegrino - usou o simbolismo para,  em dois atos, levar ações do governo a dois dos principais problemas do Pelourinho.

Com as bases móveis, tentou passar a mensagem de ação no combate à violência. Ao visitar obras de urbanismo da antiga Rocinha, reforçou a tese de que a degradação do cartão-postal baiano se deveria a requalificações anteriores, que teriam dado preferência à área comercial e afastado os moradores da região. "Estamos recuperando esse lugar sem expulsar ninguém. Em vez de enxotar os moradores foram ouvidos e participaram de todas as etapas de elaboração do projeto", contra-atacou Wagner.

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Memória  ACM Neto, que uma hora antes do comício no Pelourinho participara de homenagem no Insitituto ACM pelos 85 anos de nascimento de seu avô - o senador Antônio Carlos Magalhães - defendeu o legado político da família. Ele rememorou que o senador ia ao Pelourinho durante a madrugada para verificar o andamento das obras que reformaram o local, quando governou a Bahia, no início da década de  1990.

"Ao longo de sua vida pública, várias coisas foram marcantes no conjunto de realizações e uma das mais marcantes foi recuperar o Pelourinho, colocar ele como cartão-postal para o Brasil e para o mundo", ratificou.

No discurso, sobraram provocações a Wagner. "É engraçado porque, depois de seis anos que assumiu o governo, hoje, no dia 4 de setembro (data de nascimento de ACM), o governador anuncia que chegará aqui ao Pelourinho para iniciar a liberação de recursos. E eu pergunto a ele: por que não fez em seis anos e quer fazer faltando um mês para as eleições? Com isso, ele acha que pode enganar e iludir o povo baiano, mas não pode", afirmou.

Em outro momento, indagou se o adversário petista teria a capacidade de reunir igual número de militantes em um ato político no Pelourinho. A resposta foi dada, na sequência, pelo próprio democrata: "Não reuniria, porque o povo baiano sabe que ele não ama o Pelourinho e não gosta do Centro Histórico".

Lado oposto  A poucos metros dali, no Largo do Pelourinho, em frente à Casa de Jorge Amado, Wagner posava  para fotos ao lado do secretário da Segurança Pública, Maurício Barbosa, com as dez vans que servirão de bases móveis. Em seguida, passeou pela Vila Nova Esperança, onde respondeu as perguntas da imprensa sobre as provocações disparadas por ACM Neto.

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"Todo mundo tem esse hábito. Se eu não fizer nada, sou criticado. Se eu faço, é eleitoreiro. Não vou parar de governar porque é período de eleição", disse. "Isso aqui é eleitoreiro? (apontando para o terreno onde estão sendo feitas as obras de requalificação). Tem quatro anos desde que começamos as negociações aqui (com a comunidade). Vou continuar trabalhando. A disputa não é comigo", acrescentou.

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Wagner tratou como "mesquinho" o argumento de que teria marcado dois atos públicos no Pelourinho para dividir a atenção com as comemorações pelo 85 anos de nascimento de ACM. "Seria muita crueldade (achar que foi proposital). Se alguém quiser, pode até dizer que foi uma homenagem", emendou o governador. Wagner alegou que, em sua gestão, aumentou o policiamento do Pelourinho, alterou o modelo do São João e do Natal, eventos que já existiam antes no local, substituiu a iluminação e recuperou igrejas.

Neto apresenta propostas para revitalizar Centro Histórico Reunido no evento criado especificamente para a comunidade do Pelourinho, o candidato do Democratas em Salvador, ACM Neto, prometeu realizar - "de fato", segundo o prefeiturável - boa parte das ações que governador Jaques Wagner havia garantido que realizou, como a criação de uma agenda de eventos artísticos e culturais no local, a melhoria na iluminação pública e o aumento da segurança no Centro Histórico.

O candidato prometeu instalar câmeras de videomonitoramento e usar a aparato da Guarda Municipal para aumentar a segurança no local  "Vamos trazer o Pelourinho de volta à vida. O Pelourinho vai ser, de novo, berço da produção cultural, musical, artística de nossa cidade. Teremos um calendário anual de eventos e atividades no Centro Histórico, mas também vamos chamar empresários pequenos e médios, donos de bares e restaurantes, que nos últimos anos fecharam suas portas com medo e por estarem perdendo dinheiro. Vamos chamar todos para voltarem ao Pelourinho", disse.

Para tanto, o candidato democrata assegurou que, caso eleito, concederá isenção de impostos para o comércio da região e novos empreendedores. Entre suas propostas, está ainda a construção do Centro de Convenções Municipal no Pelourinho, a instalação de dois museus na área (o da Música Baiana e o da Baianidade) e a transferência de órgãos municipais para prédios situados nas ruas secundárias  do Centro Histórico.

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"E vamos incentivar o programa de habitação de interesse social, porque eu quero que as pessoas voltem a ter vontade de morar no Pelourinho", acrescentou o prefeiturável democrata.

Governador entrega vans que chama de Base Comunitária O governador Jaques Wagner, junto com o  secretário da Segurança Pública, Maurício Barbosa, entregou ontem, no Pelourinho, dez Bases Comunitárias de Segurança  Móveis. Apesar de receber o mesmo nome das estruturas já implantadas no Nordeste de Amaralina, Calabar, Fazenda Coutos e Itinga, o secretário disse que as bases móveis, que usarão vans, são diferentes.

"O nome é para dar essa nova filosofia de policiamento", ressaltou o secretário. Além de cinco que ficarão no Centro Histórico, outras serão instaladas em pontos turísticos até a Lagoa do Abaeté.  As do Centro Histórico ficarão no Largo do Carmo, Rua do Taboão, Praça dos Veteranos (Gravatá), Praça da Sé e Praça Castro Alves. As demais ficarão inicialmente no Farol da Barra, Lagoa do Abaeté, Nordeste de Amaralina, Bairro da Paz e Barradão.

"Quem vai dizer quanto tempo elas ficam no local é o resultado que vamos ter", disse o comandante-geral da PM, coronel Alfredo Castro. Para o coordenador estadual das Bases, o coronel Zeliomar Almeida, a diferença está no 'menor poder de impacto'. "É para intervenções rápidas e locais de demanda que não sejam de alto risco", explicou.

Segundo o coronel Almeida, na van ficarão dois PMs para atender a população, registrando ocorrências. Outros dois PMs em motos vão acompanhar as bases. Cada uma delas terá um celular para receber chamadas da comunidade. "Com isso, podemos intensificar a segurança. O Pelourinho só é bom para o turismo quando é bom para a população", disse o governador. "A questão inicial era a segurança e a gente já está com ela equacionada. Mas vamos ter que resolver o Gravatá com o crack lá", emendou.

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