PUBLICIDADE

Foto do(a) blog

Por Mário Scheffer

Candidatos médicos estão divididos entre Lula e Bolsonaro

Mais de 1.700 profissionais da saúde concorrem nas eleições; dentre 699 médicos, 149 são de partidos da coligação de Lula e 146, de Bolsonaro

Por Mário Scheffer
Atualização:

Entre os registros de candidaturas no TSE, 1.752 profissionais de saúde disputarão as eleições em outubro.

Os candidatos da saúde são principalmente médicos e enfermeiros, mas também agentes de saúde, dentistas, farmacêuticos, psicólogos, nutricionistas e outras profissões.

 

PUBLICIDADE

Um olhar intuitivo sobre a função social dos trabalhadores da saúde, justamente reconhecida durante a pandemia, costuma enxergá-los como se fossem um bloco homogêneo.

Assim como ocorre com candidatos de outras ocupações, os que vêm da saúde têm motivações e convicções ideológicas variadas.

Na corrida ao Legislativo federal, entre 16 candidatos a senador e 686 a deputado, todos de profissões da saúde, boa parte é filiada a legendas do Centrão.

Publicidade

Até mesmo entre agentes comunitários, que trabalham exclusivamente na atenção primária pública, há quem concorra por partidos que jogam contra o SUS, pois discordam até de novas fontes de financiamento para a saúde.

Tomando outro exemplo, o dos médicos, considerando as siglas que dão sustentação às duas principais chapas que disputam a Presidência, o que se tem é praticamente um empate. São 146 médicos filiados aos três partidos que compõem a coligação "Pelo Bem do Brasil", de Bolsonaro, e 149 distribuídos entre as legendas "Brasil da Esperança", de Lula. Só do PL são 49 médicos e, do PT, 31.

Além do candidato a vice-presidente, Geraldo Alckmin, nove candidatos a governador são médicos, igualmente situados em amplo espectro político-partidário.

Essa clivagem na origem terá repercussões mais adiante.

A atual legislatura da Câmara dos Deputados tem a Frente da Medicina, dominada por bolsonaristas, que rivaliza com a Frente pelo Fortalecimento do SUS, ambas com vários de seus integrantes candidatos à reeleição.

Publicidade

Sem perspectivas de uma atuação conjunta pela saúde pública, alinhamentos só ocorrem sob pressão de corporações, como na recente aprovação do piso salarial da enfermagem, ou mediante apelo de grupos de pacientes, na tramitação da lei que amplia coberturas de planos de saúde.

PUBLICIDADE

A novidade esse ano é que nunca uma eleição contou com tantos candidatos ex-secretários estaduais e municipais da saúde, empolgados com a visibilidade que tiveram à frente de ações locais contra a covid.

Num mundo invertido, em que tanto defecção quanto lealdade de ex-ministros de Bolsonaro podem orientar votos, Mandetta tenta vaga ao Senado pelo União Brasil do Mato Grosso do Sul e Pazzuello é candidato a deputado federal pelo PL do Rio de Janeiro.

Cloroquina ou vacina, a cizânia insólita, sobreviveu até as urnas, simbolizada em candidaturas à Câmara Federal, como a da médica Mayra Pinheiro (PL-CE), ex-secretária do Ministério da Saúde, promotora do tratamento precoce, e da enfermeira Mônica Calazans (PSDB-SP), primeira pessoa a ser imunizada contra a covid no país.

Quanto mais políticos da saúde de perfil conservador ou reacionário forem eleitos, mais difícil será, entre 2023 e 2026, preservar o SUS constitucional progressista.

Publicidade

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.