Passei a semana passada cobrindo a assembléia geral da ONU e algumas reuniões paralelas.
No domingo, por exemplo, fui assistir a uma pelada do presidente da Bolívia, Evo Morales. Evo estava lá - trocou sua indefectível "chompa" pela camisa 10 do time "Evo", correu pouco e perdeu um pênalti. Não importa. O público de imigrantes bolivianos e ripongas de camiseta do Che Guevara e sandália de couro vibrou.
A certa altura, o ministro da Presidência, Juan Ramón Quintana, terceiro na hierarquia do governo boliviano, saiu do campo para bater papo com os jornalistas presentes - no caso, eu, minha colega Adriana Garcia, da Reuters, e dois repórteres da mídia boliviana.
"O presidente Evo vai com o presidente do Irã, Ahmadinejad, para a Venezuela e depois para a Bolívia - no meio do caminho, o Ahmadinejad vai fazer uma parada no Brasil", disse Quintana, casualmente.
Como? Ahmadinejad visitando o Brasil?
Bom, sucede que o Itamaraty conseguiu driblar o presidente iraniano alegando conflito de agendas, livrando-se de uma visita que poderia trazer inconvenientes, sem se indispor com o colega iraniano.
Mas foi por pouco...
Na quarta-feira, a primeira-dama e candidata à presidência da Argentina, Cristina Kirchner, fez um discurso para 400 empresários, em evento no hotel Waldorf Astoria.
Como de costume, tratou a imprensa a pão e água - não respondeu nem uma mísera pergunta.
Seu objetivo era conquistar investimentos estrangeiros para a Argentina, principalmente para área energética, em frangalhos. Não que para isso ela vá responder à pergunta que não quer calar - em seu governo, Cristina irá descongelar as tarias públicas?
Para conquistar os investidores presentes, preferiu ressaltar as qualidades dos argentinos - afirmou, por três vezes, que o "capital humano argentino" é muito diferente de qualquer nação latino-americana, mencionando, en passant, a imigraçao européia no país.