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A maioria não tão silenciosa

Por Estadão
Atualização:
 

Eu acordei hoje como se fosse um sábado qualquer, mas descobri que estava em uma outra dimensão assim que pus os pés na rua. Bem na frente do meu apartamento,uns três ônibus estavam estacionados - e deles saía uma corrente de gente com placas, faixas, fantasias bizarras e bandeiras dos Estados Unidos , muitas bandeiras.

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Isso era só o começo.

Na avenida Pensilvânia, aquela que vai do Capitólio, onde fica o Congresso, até a Casa Branca, um mar de gente estava protestando.

Vi depois no Washington Post que eram "pelo menos 40 mil pessoas", organizados por entidades conservadoras como FreedomWorks (contra refortma do sistema de Saúde), Tea Party (contra aumento de imposto) e Resist Net (contra expansão do governo em geral).

"Obama mente e a vovó morre", dizia uma faixa.

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"Joe Wilson para presidente" (Wilson éo congressista da Carolina do Sul que interrompeu o discurso de Obama no Congresso, na quarta-feira, gritando - voce mente!)

Fox News número um

O governo é o problema, não a solução (parafraseando Reagan)

Eu já era contra o Obama antes de entrar na moda

Eu sobrevivi à Roe vs Wade (uma menina levava esta placa, que se refere à lei que permitiu o aborto)

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Por favor rezem pela América

Chega de impostos

Não levem o futuro de nossos filhos à bancarrota com o déficit

Abaixo plano de saúde para imigrantes ilegais

Muitos se aproximavam da Sarah, minha cachorra, para fazer um agrado - e perguntar se eu não queria uma faixa.

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Era gente do Michigan, Nova Jersey, Geórgia, Texas, Nebraska.

"Não sou republicana, sou independente. Não aguento mais esse pessoal aumentando imposto, nosso déficit vai explodir", disse-me uma senhora de New Jersey.

"Seu cachorro é manso?", perguntou-me um menino de uns 8 anos, do Michigan, com uma faixa de "No more Obama".

"Sim, é um pouco tímida, mas é mansa sim", respondi.

"E você votou no Obama?", disparou.

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"Não , eu não voto."

Ele me olhou um pouco desconfiado e foi embora com mais dois amiguinhos gritando "Nobama!"

Um homem andava orgulhoso com sua camiseta de Obama retratado como o Coringa,com o título "socialista". Ele, e muitos outros, levavam uma faixa "Bury Obamacare with Kennedy (enterrem o reforma de saúde de Obama junto com Kennedy)".

O senador Ted Kennedy era o maior defensor da reforma do sistema de saúde, apelidada de Obamacare pelos conservadores. Kennedy morreu no final de agosto de câncer no cérebro.

Parece estar ganhando força a onda de revolta das assembléias de eleitores de agosto, em que muitos protestaram agressivamente contra a reforma do sistema de saúde.

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A maioria silenciosa resolveu contra-atacar, respondendo às multidões que saíram às ruas no ano passado para eleger Obama. Richard Nixon cunhou (ou talvez não tenha cunhado, mas tornou famoso) o termo "maioria silenciosa", para se referir ao grande número de americanos que não estavam protestando contra a guerra do Vietnã, não apoiiavam a revolução contracultural dos anos 60, e eram apenas americanos pacatos que queriam estabilidade.

Uma das faixas me deixou pensando nisso.

"Extremista de direita, e com orgulho: acredito em Deus, na América e nos Militares", dizia a faixa, carregada por uma mulher loira de uns 40 anos.

A maioria silenciosa começou a fazer barulho. Resta ver se é apenas um bando de extremistas, os mesmos que pintavam bigode de Hitler nas fotos do Obama nas assembléias de eleitores em agosto. Ou se estamos presenciando um movimento contra o aumento da intervenção do governo que pode ganhar força e derrubar muitos dos planos dos democratas.

 
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