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Meirelles avaliza Tombini no exterior

Atual presidente do BC tem frisado, em fóruns internacionais, que sucessor foi indicado por ele; receptividade tem sido positiva

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Por Redação
Atualização:

Beatriz Abreu - O Estado de S.Paulo

A aprovação pelo Senado do nome do novo presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, prevista para hoje, encerra o processo, iniciado em março, quando o atual presidente, Henrique Meirelles, decidiu que encerraria sua missão à frente do BC junto com o mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Naquela época, ele já apresentava Tombini como seu sucessor. Meirelles defendeu o nome do seu diretor de Normas internamente e, com a confirmação da indicação pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, passou a ser o avalista do novo presidente nos fóruns internacionais. Em encontros com banqueiros centrais, Meirelles tem afiançado o nome de Tombini, conquistando uma boa receptividade nos mercados e entre os executivos de instituições. A todos Meirelles reforça que Tombini é uma indicação sua. A conversa entre os dois começou em março, quando o presidente do BC avaliava a possibilidade de se desincompatibilizar para se candidatar a um cargo eletivo nas eleições deste ano. Aos poucos, foi introduzindo Tombini nos meandros da direção do Banco Central, enquanto mantinha a diretoria informada sobre a decisão de que não entraria em um terceiro mandato à frente do BC. Ele poderia ter saído antes, mas desistiu porque avaliou que sua saída do BC poderia agregar mais volatilidade ao mercado, que vivia aos solavancos devido ao forte ingresso de capitais no País. Ao ambiente de "guerra cambial" se somou a crise no Panamericano, o que exigiu da diretoria do BC cautela na solução do problema para que não fosse gerada uma crise entre outros bancos de médio porte. A presidência e diretoria do BC avaliavam que seria um risco deixar que o Panamericano falisse. A solução foi uma construção coletiva, mas que exigiu força e determinação do Banco Central para enfrentar três frentes de resistência: o próprio empresário Silvio Santos, os funcionários do BC e os outros bancos. O empresário teve que entrar com recursos próprios e colocar seu patrimônio para garantir a liberação dos R$ 2,5 bilhões do Fundo de Garantidor de Crédito (FGC). Os funcionários foram convencidos de que era necessário seguir passo a passo as normas para evitar atropelos nos aspectos jurídicos da questão. E o intenso processo de persuasão para que os bancos concordassem com a participação do FGC na operação para sanear o Panamericano. Essas situações foram acompanhadas de perto por Tombini, que tem pela frente o desafio de praticar o bom senso nas horas de pressão, que não são poucas e vêm de todos os lados: do governo, dos empresários, dos bancos, do mercado financeiro, dos investidores internacionais. Meirelles tem certeza de que Tombini está preparado e que ele seguirá as regras prudenciais adotadas ao longo desses oito anos do governo Lula, que se encerra com a inflação um pouco mais alta, mas sob controle. O comando de Tombini não deve se afastar dos pontos que ele defendeu em entrevista coletiva, quando seu nome foi anunciado, e em exposição durante sua sabatina no Senado. Nas duas oportunidades, defendeu o sistema de metas de inflação, a responsabilidade fiscal e a política de câmbio flutuante. Não se deve apostar na simpatia de Tombini por heterodoxias na política econômica, tampouco na cambial, como concordar com propostas de adoção de instrumentos mais fortes de controle de capitais. No treinamento que recebeu de Meirelles não há previsão de o BC se afastar dessa rota. Caberá a Tombini, consolidar sua credibilidade e a autonomia do Banco Central durante seu mandato.

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