Mantega se contradiz ao tentar explicar alta da inflação

Ministro justificou aumento dos preços por causa das commodities, mas depois culpou o crescimento do País

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Por Redação
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Célia Froufe - O Estado de S.Paulo

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, foi contraditório ontem ao apresentar as causas da alta da inflação. Primeiro, disse que se trata de um fenômeno mundial, que tem origem na alta dos preços das commodities, e que no Brasil ganha força com a pressão dos alimentos em função de impactos de intempéries climáticas. Depois admitiu que a elevação é consequência da velocidade do crescimento do País. O aumento da demanda é um dos temores do Banco Central e um dos principais responsáveis pela alta de juros. Na semana que vem, o Comitê de Política Monetária (Copom) estará reunido no último encontro de 2010 para definir o rumo da taxa básica. Sem considerar combustíveis e alimentos, o núcleo da inflação mostra uma taxa inferior a 5% em 12 meses, segundo Mantega. Com esses itens, o núcleo do IPCA roda em 5,2%. O ministro salientou que o porcentual está dentro da meta da inflação de 4,5%, com banda de 2 pontos porcentuais para cima ou para baixo. "Está um pouco acima do centro, mas isso está relacionado com a economia, que está crescendo forte. Quando a economia cresce mais é claro que a inflação sobe um pouco mais", considerou, acrescentando que esse fenômeno ocorre porque o setor de serviços começa a elevar os preços e a falta de mão de obra em alguns setores traz impacto de alta para preços e salários. Mantega garantiu, porém, que a situação está sob controle. "A inflação não vai escapar da meta, e o governo fará o que for necessário para que isso continue", disse. Segundo ele, haverá redução de preços no ano que vem. "Essa história nós já vimos: é só lembrar do início deste ano", comentou. Mantega falava da alta da inflação verificada nos primeiros meses de 2010, em função, da falta de oferta de álcool ocasionada pelo excesso de chuvas. Especulação. Antes de admitir que os preços podem estar subindo por conta do aquecimento da atividade, o ministro atribuiu a alta a um movimento externo de valorização das commodities, entre outros fatores. "É uma questão mundial", disse. "Então, também há um pouco de especulação no mercado futuro de commodities." No Brasil, segundo Mantega, esse fenômeno também é influenciado por questões climáticas, como a seca. Ele lembrou que itens como milho, trigo e feijão, que estavam disparando, agora já mostram reversão nos preços do atacado. No varejo, a expectativa é de que esse refluxo seja observado em janeiro. Por isso, para o ministro, o importante é olhar para o conjunto de preços da economia.

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