Foto do(a) blog

Direto ao assunto

Escravos e privilegiados

A casta dos marajás do serviço público acha-se acima da crise, do povo e da Constituição

PUBLICIDADE

Por José Neumanne
Atualização:

Maia e Luislinda, deputado e desembargadora, sócios da casta dos empoderados Foto: André Dusek/Estadão

A nota dos procuradores da República pedindo aumento no holerite foi divulgada logo após a sociedade brasileira ter tomado conhecimento de uma manifestação similar de egocentrismo e alienação de um funcionário público com a petição de 207 páginas da ministra dos Direitos Humanos para furar o teto constitucional e ganhar acima do teto constitucional. Houve grita geral, mas ainda assim os procuradores, que são agora os ídolos da população brasileira cansada de impunidade, deram mais uma demonstração igual à de Luislinda Valois. Ou seja: o buraco é mais embaixo. No caso da desembargadora baiana, lembro que ela continua no governo e no PSDB, em provas claras de que ainda está longe o dia em que o cidadão e contribuinte se livraria da escravidão de ter de pagar os privilégios da casta burocrática nacional.

(Comentário no Jornal da Eldorado da Rádio Eldorado - FM 107,3 - na segunda-feira 6 de novembro de 2017, às 7h30m)

Para ouvir clique aqui e, em seguida, no play

Para ouvir Conversando no Bar, com Elis Regina, clique aqui

Abaixo, a íntegra da degravação do comentário

Publicidade

Eldorado 6 de novembro de 2017 - Segunda-feira

Você acha que o excelente trabalho de investigação dos procuradores federais autoriza um pedido de aumento nesta crise terrível?

Em tempos de crise econômica e pesada recessão, procuradores lançaram, neste sábado, 4, documento criticando a falta de aumento salarial e pedindo aprovação de mais subsídios aos seus vencimentos. Na carta de Ipojuca, resultado do 34ª Encontro Nacional dos Procuradores da República, cujo mote deste ano foi 'MPF em defesa da ordem econômica', membros do Ministério Público Federal saíram em defesa de PEC que engorda seus próprios holerites. Em um dos itens do documento, é considerada 'urgente e imprescindível' a reposição de 'perdas inflacionárias'. Na carta, ainda clamam por paridade entre o que recebem membros ativos e inativos.

Isso acontece logo depois da sociedade brasileira ter tomado conhecimenjto de uma das maiores manifestações de egocentrismo e de alienação de um funcionário público com a petição de 207 páginas da ministra dos Direitos Humanos para furar o teto constitucional para ganhar não mais 31 mil e 700 reais, mas 61 mil e 400. Houve grita geral, mas ainda assim os procuradores, que são agora os ídolos da população brasileira cansada de impunidade darem uma demonstração semelhante à da ministra, numa demonstração de que o buraco é muito mais embaixo do que se pode imaginar. No caso da ministra, lembro ainda que ela continua no governo e no PSDB, numa prova clara de que ainda está longe o dia em que o cidadão e contribuinte se livraria da escravidão de ter de pagar os privilégios da casta burocrática nacional.

SONORA RAUL GIL -BANQUINHO

Publicidade

https://www.letras.mus.br/raul-gil/843470/ Entre 2:59 e 3:15

PUBLICIDADE

O Valor Econômico noticiou que acionistas da Oi protestam contra decisão de conselho da operadora. O que os levou a isso?

Depois que o conselho de administração da Oi divulgou ontem comunicado ao mercado informando que aprovara plano de recuperação judicial da operadora de telefonia (Plan Support Agreement -PSA), o Comitê Internacional de Bondholders respondeu hoje com uma nota em que afirma que a decisão "constitui violação inaceitável dos padrões de governança corporativa."

Em tom forte, o comitê diz que o conselho de administração tenta fazer a companhia "refém" ao priorizar interesses de acionistas minoritários e conclama todas as partes envolvidas na elaboração do PSA tentar "desfazer essa manobra".

Ouça a íntegra da nota a seguir:

Publicidade

"As ações tomadas ontem pelo Conselho de Administração da Oi S.A. constituem uma inaceitável violação dos padrões de governança corporativa. Essas ações foram claramente adotadas na tentativa de fazer a companhia refém e forçar a aceitação de um plano cujo único objetivo é defender os interesses dos atuais acionistas minoritários controladores em detrimento de todos os demais agentes envolvidos e da própria companhia. O Comitê Internacional de Bondholders conclama todas as partes envolvidas a tomarem as ações necessárias para desfazer essa manobra claramente ilegal e dar prosseguimento aos esforços para a aprovação de um plano que possa reunir o apoio de todos os interessados."

Ao contrário dos procuradores de sua primeira pergunta, os chamados bondholders têm toda razão.

Aliás, na sexta-feira,  o mesmo Valor Econômico tinha dado que Nelson Tanure disse  à advogada geral da União, ministra Grace, que vai apoiar o plano de recuperação apresentado pelo governo. Dá para acreditar?

É como se diz hoje nas redes sociaisl, só que não, né, seu Haisem?!!

No sábado, o Lauro Jardim informou que  Tanure puxou o gatilho primeiro.  O governo passou semanas ameaçando intervir na Oi. No final das contas, foi Nelson Tanure quem interveio,nos últimos dias úteis da semana passada, ao nomear dois integrantes do conselho de administração ligados a ele para exercer cargos de diretores da encrencada operadora.

Publicidade

O Estadão explicou essa manobra do Tanure.

O embate entre o conselho de administração e a diretoria executiva da Oi teve novo capítulo ontem. O conselho aprovou a nomeação de Hélio Calixto Costa e João Vicente Ribeiro para o cargo de diretores estatutários da companhia. Com o ato, o conselho fez uma manobra para conseguir apoio da diretoria da empresa para aprovar o contrato de apoio ao plano de recuperação judicial. O documento ainda não foi assinado.

O plano de recuperação foi elaborado pelo grupo que apoia o empresário Nelson Tanure, do fundo Société Mondiale, um dos acionistas mais influentes no Conselho de Administração.

Diante da recusa da diretoria a dar apoio a esse plano, o conselho dava sinais de que iria destituí-la. Isso acabou por não se concretizar, após a ameaça de intervenção da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), que apoia a diretoria executiva. À Anatel, o conselho garantiu que não haveria demissões.

Matéria da Circe Bonatelli, do mesmo Estado, revela que esse plano aprovado adota termos genéricos para o tratamento de dívidas com a Anatel, se houver proposta mais vantajosa, a Oi pode romper o documento assinado, mas estaria previsto multa pelo distrato, e ainda prevê o pagamento de comissão aos credores como contrapartida ao compromisso no aumento de capital. Esse "seguro" poderia chegar a R$ 700 milhões.

Publicidade

A Oi tem de um lado a turma do Tanure e de outro os chineses que ofereceram US 10 bilhões,  com condições. Os  chineses entram com dinheiro. A União abre mão dos seus direitos. Os credores são garfados e os acionistas ficam com parte do dinheiro colocado pelos chineses.Um negócio da China!!

O certo é, a Anatel intervém na Oi. Vende os ativos para quem pagar mais e tiver capacidade de operar a empresa. Com  produto da venda, a Anatel paga o que a Oi deve a União.Com o que sobrar,  paga os credores.

E por ultimo,  e se sobrar, paga os acionistas.

Vinte e seis pessoas foram assassinadas a tiros ontem, durante culto dominical em uma igreja batista no Texas. Este novo atentado de lobo solitário contra inocentes aleatoriamente reunidos demonstra que os Estados Unidos sob Trump não estão imunes a isso?

Este, segundo Cláudia Trevisan, do Estado nos Estados Unidos, foi o mais grave ataque do tipo no Estado e o quinto com maior número de vítimas da história dos EUA. O crime aconteceu 36 dias depois do maior massacre a tiros do país, que deixou 58 mortos em Las Vegas. Na ocasião, o aposentado Stephen Paddock abriu fogo contra uma multidão que assistia a um festival de música country.

Publicidade

As vítimas frequentavam a Primeira Igreja Batista de Sutherland Springs, uma comunidade de 640 habitantes a 50 km de San Antonio. O número de mortos representa 4% da população local. Outras 20 pessoas estão em hospitais da região com ferimentos de distinta gravidade. Segundo a polícia, a idade dos mortos varia de 5 a 72 anos.

Quando comentei aqui o atentado contra a ciclovia em Nova York critiquei duramente a reação que considerei estúpida de Donald Trump reforçando a idéia de que o melhor caminho para combater o terrorismo é a retaliação, o olho por olho dente por dente da Bíblia, a lei de Talião. Muita gente me criticou mais duramente ainda dizendo que ele está certo e que há que ser duro com o terror. É claro que há que ser duro contra o terror, mas não ser duro de forma indiscriminada contra todos os cidadãos muçulmanos porque o terror tem inspiração fundamentalista muçulmana. Essa retaliação é estúpida porque, repito o que disse aqui, e por isso fui repelido, ela parte da ignorância da situação e joga, sim, gasolina na fogueira. O correto é ser dukro contra o terror e não abrir mão da tolerância religiosa, da liberdade individual e de outras conquistas da civilização ocidental. Os ventos fortes que o governo Trump está plantando têm produzido de volta tempestades que atingem cidadãos americanos aleatoriamente com novos atentados terroristas. Não venho aqui afirmar olha eu avisei. Apenas humildemente reforçar minha opinião de que a estupidez covarde do terrorismo aleatório não será contido com a incompetência aleatória de quem usa como arma de guerra apenas o quem com ferro fere com ferro será ferido.

Que lições este atentado dá sobre a realidade política brasileira neste nosso momento crítico e conturbado?

Acho também que esta é uma excelente oportunidade para discutirmos essa onda de direita radical que toma conta da política brasileira, como nunca antes nunca tinha acontecido no Brasil, que leva ao paroxismo de uma nostalgia da ditadura militar, que eu chamo de longa noite do arbítrio. Tive oportunidade de ver análises objetivas, tranqüilas e lúcidas como as produzidas por Fernando Gabeira em seus artigos no Estadão na sexta-feira e no Globo de domingo, mostrando como a insensatez esquerdista e burra do PT de Lula e Dilma terminou produzindo uma reação inusitada à direita de uma direita cega, vingativa e também muito pouco inteligente. Ontem tive a oportunidade de ver na GloboNews, que esta direita ignorante chama de globolixo, um debate esclarecedor no Painel apresentado por William Waack com os intelectuais Roberto Romano, Luiz Felipe Pondé e Luis Sérgio Henriques. Aconselho que esquerdistas, direitistas e liberais lúcidos procurem no Google para rever e se informar. Aprendi muito no debate. E, em seguida, vi um documentário sobre a brutalidade com que os ditadores militares brasileiros dizimaram sem nenhum motivo lógico um dos poucos exemplos de capitalismo bem sucedido no Brasil, a Panair. Uma das obras nefastas do regime autoritário tecnocrático militar deixou cinco mil famílias brasileiras no desemprego. A ditadura derramou sangue, torturou e reprimiu. É lamentável que ainda haja quem tenha saudade disso, como se fosse a panacéia para os males trazidos à sociedade brasileira por filhos dessa própria ditadura; E também que tenha neste momento de paroxismo da violência e da decadência do Rio levado à disputa da prefeitura da cidade por fenômenos da utopia regressiva medieval de Crivella e da outra do legado revolucionário obsoleto e ineficiente das revoluções, Freixo. Agora as pesquisas aparecem com a repetição desse mesmo antagonismo apontando um falso, mas perigoso, momento decisivo entre Lula e Bolsonaro. O caminho está no abandono da egolatria e da estadolatria e no avanço da sociedade na solução dos problemas, que são imensos. Lembro, como fez Luiz Sérgio Henriques no Painel, o exemplo luminoso do dirigente Lula Maranhão, do Partido Comunista brasileiro, fazendo o profícuo e democrático diálogo com os cardeais Dom Eugênio Sales, conservador do Rio, e Dom Paulo Evaristo Arns, progressista de São Paulo.

Relembro esse momento tocando uma obra prima da música brasileira, Conversa de bar, nas asas da Panair, de Milton Nascimento e Fernando Brant, com a maravilhosa Elis Regina

Publicidade

SONORA Conversa de bar Milton Nascimento Elis Regina

https://www.youtube.com/watch?v=sxHUsdB2KOE

 

 

 

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.