José Nêumanne
08 de dezembro de 2016 | 11h01
Cármen, Celso e Marco, protagonistas na decisão canhestra e imprópria do STF Foto Dida Sampaio/Estadão
Em completo desacordo com a voz das ruas, que gritou “Fora Renan” e “Força Moro”, e da Constituição, mais uma vez adulterada e pisoteada, os chefes dos três Poderes da República conspiraram para manter o presidente do Senado no seu posto até a eleição de seu substituto em 2 de fevereiro, mesmo tendo Renan cometido o grave crime de não cumprir uma ordem judicial dada de forma equivocada pelo relator no STF, Marco Aurélio Mello, mas passível de recurso para ser reformada. Cármen Lúcia conspirou com o vice do Senado, Jorge Viana (PT-AC), para atender às conveniências do chefe do Executivo, Temer, em consonância com a cumplicidade muda do presidente da Câmara. Vergonha geral!
(Comentário 1 no Estadão no Ar da Rádio Estadão – FM 92,9 – na quinta-feira 8 de dezembro de 2016, às 7h12m)
(Complemento do comentário sobre o mesmo assunto no Estadão no Ar, Às 7h35)
Clique no play abaixo para ouvir minha leitura do poema do Gullar citado por Cármen
E aqui registro a íntegra do poema
TRADUZIR-SE
Uma parte de mim
é todo mundo;
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.
Uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.
Uma parte de mim
pesa, pondera;
outra parte
delira.
Uma parte de mim
almoça e janta;
outra parte
se espanta.
Uma parte de mim
é permanente;
outra parte
se sabe de repente.
Uma parte de mim
é só vertigem;
outra parte,
linguagem.
Traduzir-se uma parte
na outra parte
— que é uma questão
de vida ou morte —
será arte?
Ferreira Gullar , Na Vertigem do Dia. 1980.
Para ouvir Traduzir-se com Fagner clique aqui
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