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Direto ao assunto

Ancora il ritorno

Poema A Volta de Novo, de José Nêumanne Pinto, é selecionado na antologia bilíngue Encontro Literário em Milão, organizada e editada por Sílvia Bruno Securato

Por José Neumanne
Atualização:

O poeta José Nêumanne Pinto com a editora e organizadora Sílvia Bruno Securato na Livraria Cultura do Shopping Iguatemi, em São Paulo Foto: Estadão

A Editora Oficina do Livro lançou na noite de quinta-feira 14 de junho de 2018 na Livraria Cultura do Shopping Center Iguatemi de São Paulo a antologia bilíngue em português e italiano Encontro Literário em Milão, organizada por Sílvia Securato. Dela faz parte o poema A Volta de Novo, de José Nêumanne Pinto, vertido para Ancora il Ritorno.

 

O poema em português

 

A volta de novo

 

Voltar é uma forma de renascer. Ninguém se perde na volta (José Américo de Almeida, Antes que me esqueça, A Bagaceira)

 

No caminho da volta,

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o amante pródigo

não se perde: renasce.

As flores da estrada

ganham viço

e uma fragrância nova,

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um cheiro macio de perdão,

que se torna espera,

e de espera,

que vira celebração,

um perfume antigo

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e fresco,

que lembra limão.

 

Em Ítaca, Penélope cose

toalhas para o banquete,

fronhas para o bom sono

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e os lençóis da conciliação.

Não há ressentimentos

nem orgulho inútil

na fidelidade discreta

desse gesto familiar..

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Um xale lhe cobre os ombros

e os dedos macios

puxam a corda da lira

fazendo-a vibrar

em canções de amor

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e gestas de esperança

de paciência nada vã.

 

Volta bem

quem viajou leve:

cabelos à brisa do mar

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e as mãos na cintura,

com braços por enlaçar

algum torso feito tronco,

um barco a navegar,

um berço de ninar,

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um bote pra salvar.

 

Volta inda melhor

quem sempre o faz

por um bule de café,

um parco naco de pão

e uma sutil ilusão

de quem só navega

para o eterno retorno,

sempre em busca

da paixão imóvel,

que não muda nem cala,

despedaçado o coração,

só pra depois o colar

caco a caco,

taco a taco,

toco a toco.

 

Assim são

os caminhos da volta:

sem medo e sem peso,

sem mágoa e sem rota.

Pois na volta

ninguém se perde.

Na volta

ninguém só pede.

E na volta

só se abre mão

da solidão.

 

Para ouvir o poema lido por José Nêumanne Pinto clique aqui

A versão em italiano:

Ancora il Ritorno

 

Ritornare è una forma di rinascere. Nessuno si perde nel ritorno (José Américo de Almeida, Antes que me esqueça, A Bagaceira)

 

 

Sulla strada del ritorno,

il prodigo amante

non si perde: rinasce.

I fiori della strada

guadagnano rigogliosità

e una fragranza nuova,

un morbido profumo di perdono,

che diventa attesa,

e da attesa,

che diventa celebrazione,

un profumo antico

e fresco,

che ricorda il limone.

 

A Itaca, Penelope cuce

tovaglie per il banchetto,

federe per il buon sonno

e le lenzuola della conciliazione.

Non ci sono risentimenti

ne inutile orgoglio

nella discreta fedeltà

di questo gesto famigliare...

 

Uno scialle le copre le spalle

e le morbide dita

tirano la corda della lira

facendola vibrare

in canzoni d'amore

e gesta di speranza

di per nulla vana pazienza.

 

Ben ritorna

chi ha viaggiato leggero:

capelli alla brezza del mare

e le mani sui fianchi,

con braccia da incrociare

qualche dorso come un tronco

una nave a navigare,

una culla a cullare,

una barca da salvare.

 

Ritorna ancora meglio

chi lo fa sempre

per una teiera di caffè,

un umile tozzo di pane

e una sottile illusione

di chi naviga soltanto

verso l'eterno ritorno,

sempre alla ricerca

d'immobile passione,

che non cambia né tace,

il cuore lacerato,

da incollare poi,

pezzo per pezzo,

bastone per bastone,

tocco per tocco.

 

Così sono

i cammini del ritorno:

senza paura e senza peso,

senza delusione e senza rotta.

Poiché nel ritorno

nessuno si perde.

Nel ritorno

nessuno chiede soltanto.

E nel ritorno

si rinuncia soltanto

alla solitudine.

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Para ouvir Ancora il Ritorno com Clarice do Nascimento Pinto clique aqui

Biografia do poeta em italiano:

José Nêumanne Pinto, giornalista, poeta e scrittore, è nato a Uiraúna, nell'entroterra del Paraíba, nel 1951. È stato reporter speciale del giornale Folha de S.Paulo; capo redazione del Jornal do Brasil; editore di politica del O Estado de S.Paulo e capo degli editorialisti del Jornal da Tarde. È editorialista e articolista del O Estado de S.Paulo, oltre a commentatore quotidiano presso la Rádio Estadão, di São Paulo, e nel Jornal da Gazeta (Direto ao assunto). Ha vinto il Prêmio Esso de Informação Econômica (con Maria Inês Caravaggi, Perfil do operário brasileiro hoje, Jornal do Brasil), il Troféu Imprensa de Reportagem Esportiva (con Paulo Mattiussi, Eder Jofre e o boxe brasileiro), entrambi nel 1976, e il premio Senador José Ermírio de Moraes, dell'Academia Brasileira de Letras, nel 2005, al migliore libro del 2004, il romanzo O silêncio do delator. Ha pubblicato undici libri: tre romanzi, tre di poesia e quattro di profili, reportage, articoli e saggi giornalistici. Il più recente, O que sei de Lula, ha avuto grande successo di critica e pubblico. Ha pubblicato anche il CD As Fugas do Sol (CPC-Umes), nel quale legge i propri poemi con la colonna sonora composta e interpretata dal maestro Marcus Vinicius de Andrade.

 

 

 

 

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