O venezuelano Hugo Chávez, por sua vez, "revelou" o que qualificou de "documento" sobre mobilização aérea dos EUA para a América do Sul, como "prova" das más intenções inconfessáveis dos americanos em relação ao continente. O documento não é nem novo nem secreto - nem muito menos diz respeito a um plano de dominação, como Chávez deu a entender. Entretanto, isso é irrelevante para o caudilho, que usou a velha tática da desinformação para alimentar um conflito internacional, que é no momento o campo em que ele pode se dar melhor, sobretudo porque a situação econômica e social da Venezuela é crítica.
Mas a atitude de Uribe, de esconder-se sob o rótulo da "soberania" para não esclarecer a questão das bases ou dar garantias explícitas e formais, estimula o teatro chavista. Nesse contexto, não é estapafúrdia a idéia, defendida por Lula e outros, de pedir que o presidente americano, Barack Obama, fale sobre o uso das bases e seus objetivos. Só assim os ânimos serão desarmados e, afinal, a Unasul poderá se concentrar em cobrar explicações de Chávez sobre os sinais cada vez mais evidentes de sua ligação com os narco-guerrilheiros das Farc, sua ingerência em diversos países, como Honduras, Bolívia e Colômbia, e sua escalada antidemocrática na Venezuela.