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O regime militar acabou mais um pouquinho

Samuel Wainer, Paulo Francis, Carlos Castelo Branco, Hélio Fernandes, Barbosa Lima Sobrinho, Boris Casoy, Herbert Moses, Fernando Pedreira, Claudio Abramo, Carlos Lacerda.

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Atualização:

Dessa turma aí de cima, nenhum passou por faculdade de jornalismo. Pelo jeito, para eles e muitos outros o diploma não fez e não faz falta. Assim, a decisão do STF que derrubou a obrigatoriedade do diploma é correta.

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Eu estudei jornalismo - sou formado na Cásper Líbero. Foi uma época divertida, principalmente pelos porres com os amigos no bar de uma chinesa na alameda Campinas, ao lado do Maksoud. Aulas mesmo, só valeram a pena as de Direito Jornalístico, com o grande professor Clóvis de Barros Filho, e as de Ética, com o mestre Carlos Alberto Di Franco, além das provocações sempre pertinentes de Marco Antonio Gomes de Araújo, um professor tão bom que virou meu amigo e se tornou meu padrinho de casamento.

Do resto, me lembro vagamente que tive aulas de Economia, em que o professor achou importante explicar que "salário" vinha de "sal"; ou então aulas de Taquigrafia, que até hoje não sei se tive mesmo ou se foram fruto de um delírio meu, por causa dos porres.

Reminiscências à parte, posso assegurar que o pouco que sei de Jornalismo aprendi em duas décadas de redação, acompanhando o trabalho dos mestres e errando um bocado. E só fui ter algum estofo acadêmico ao me formar em História, quando já era jornalista profissional. Um semestre na História tem uma bibliografia básica mais extensa do que quatro anos de Jornalismo, de longe.

Ademais, o curso de Jornalismo não é garantia de formação de bons jornalistas, como querem os corporativistas. A maioria dos profissionais envolvidos na infame cobertura do caso da Escola Base certamente possuía diploma de Jornalismo, e deu no que deu.

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Mas a melhor notícia nessa história toda é que, afinal, caiu mais uma excrescência jurídica do regime militar. Quem preza as liberdades individuais e o Estado de Direito está comemorando.

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