Enquanto isso, debate-se na ONU de que maneira se pode fazer com que Damasco interrompa o massacre. Brasil, Índia e África do Sul lideram um bloco que tem sistematicamente impedido a adoção de uma resolução mais dura, com a imposição de sanções contra a Síria. O argumento é que essa resolução seria como "receitar um remédio que piora a doença", segundo a avaliação do chanceler brasileiro, Antonio Patriota, em entrevista à Folha. Ou seja: uma resolução com o poder de coerção seria a senha para que a ditadura síria ampliasse a repressão.
A posição brasileira é coerente com seu histórico de apoio irrestrito a soluções diplomáticas. Patriota está certo quando diz que "defender a intervenção militar em si mesma é um debate equivocado". No entanto, existe uma realidade inescapável: a de que a inação travestida de aposta na "capacidade diplomática" está sendo lida por Damasco como sinal verde para a violência.
"Os líderes da Índia, do Brasil e da África do Sul não deveriam ficar sentados assistindo a Síria implodir", disse Nadim Houry, vice-diretor da Human Rights Watch para o Oriente Médio. "O esforço deles para o diálogo não conseguiu nenhum resultado, e mais centenas de sírios morreram enquanto isso."