Samuel Huntington e o Brasil

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 Foto: Estadão

Samuel Huntington, um dos mais polêmicos pensadores do século passado, morreu em 24 de dezembro, informou o site de Harvard, onde ele lecionou. Sua obra mais conhecida é "Choque de Civilizações", muito mais citada do que lida, na qual ele tenta mostrar que o mundo do pós-Guerra Fria deixaria de lado as tensões ideológicas e assumiria o perfil de conflitos entre culturas - mormente entre o Ocidente e o Oriente, aí incluídos os muçulmanos e os chineses.

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Huntington, no entanto, tinha interesse no Brasil, e um de seus trabalhos mais importantes a respeito foi "Approaches to Political Decompression", escrito durante o governo Médici. No texto, Huntington explica que "o relaxamento dos controles num sistema político autoritário pode ter um efeito explosivo no qual o processo escapa ao controle de quem o iniciou", razão pela qual ele sugere ao Brasil adotar um regime de partido forte, como no México do PRI.

Huntington considerava que a experiência da transição brasileira - da qual ele mesmo, modestamente, se dizia participante, por causa de seus conselhos - era "o mais impressionante exemplo de democratização introduzida de cima, por uma elite militar que reconhecia a necessidade de abertura". Segundo Elio Gaspari, no livro "A Ditadura Derrotada", o general Golbery do Couto e Silva, que conheceu Huntington, leu o trabalho do professor de Harvard sobre a "descompressão" e o considerou "pedestre".

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