Em seu twitter, Chávez já avisou que os resultados da eleição o animam a "aprofundar a revolução". É a senha para tentar manter unido o bloco governista, formado por todo tipo de oportunista ideológico que se abrigou sob as asas do "comandante" para usufruir das benesses da máfia corrupta instalada no Palácio Miraflores. Não é improvável que esses partidos, percebendo que a maré chavista pode virar até a eleição presidencial de 2012, abandonem o barco. Como a eleição de domingo mostrou, Chávez não é o líder invencível que se supunha. Pelo contrário: ele é um ditador desgastado por anos de promessas não cumpridas, de enfrentamento interno e externo e de destruição da economia do país. As rachaduras em sua base de poder podem acabar expondo divisões que se julgavam controladas.
Por enquanto, pelo menos publicamente, Chávez não dá sinais de que sentiu o golpe. Mas sua serenidade pós-eleitoral contrasta com seu habitual histrionismo em vitórias passadas, obtidas depois de enorme pressão da máquina chavista contra os limites da democracia.
Por essas razões, mesmo o governo brasileiro, tão leniente em relação aos desmandos do chavismo, reconheceu que foi "um avanço" o fato de Chávez "respeitar o resultado" das eleições, como disse Celso Amorim. E nosso chanceler se permitiu uma concessão que deveria servir tanto para os chavistas quanto para os simpatizantes do lulismo: "A oposição às vezes é muito incômoda. Mas é importante (que ela exista) para discutir e dialogar".