O falso vigor da China comunista

Telão mostra soldados chineses na festa dos 60 anos da revolução

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Aos 60 anos, a China comunista é festejada entre os antiamericanos como o contraponto ideal para a hegemonia dos EUA. Mas o espantoso crescimento chinês desde que Mao chegou ao poder (na verdade, desde que ele saiu do poder) mal esconde, para observadores menos passionais, os problemas graves desse modelo.

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Conforme escreveu John Lee, especialista em China, para a Der Spiegel: "A China cresceu 16 vezes desde que as reformas econômicas começaram. Mas, na ausência de instituições efetivas que contenham os poderes discricionários dos chefes do Partido Comunista Chinês e que tornem suas ações fiscalizáveis, o Estado e o PCC são as entidades que crescem fortes, e não o povo chinês". Ou seja: "O que é bom para o Estado chinês não é necessariamente bom para a vasta maioria de sua população".

Os detalhes dessa distorção foram elencados por Lee:

1) O total de autoridades no PCC passou de 20 milhões para 40 milhões desde o massacre da Praça da Paz Celestial, o que denota a intenção do partido de ampliar seu controle sobre a sociedade depois da onda pró-democracia.

2) Desde 1989, três quartos de todo o capital chinês vão para empreendimentos controlados pelo Estado.

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3) Apenas 50 das 1.400 empresas na Bolsa chinesa são privadas.

4) Menos de 50 dos 1.000 chineses mais ricos não são ligados ao Partido Comunista.

5) Cerca de 1 bilhão de pessoas estão fora do sistema corporativo estatal, o que significa que essa população não participa dos ganhos do crescimento econômico.

6) A renda de 400 milhões de pessoas declinou nos últimos dez anos.

7) A pobreza absoluta dobrou desde o ano 2000.

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8) A corrupção consome 2% do PIB chinês por ano.

9) Desde os anos 90, cerca de 40 milhões de chineses perderam suas terras por causa da ação de autoridades corruptas.

Para Lee, essa estrutura impede que a democracia crie raízes. O importante, primeiro, seria fortalecer instituições - mas isso o Partido Comunista jamais permitirá, porque significará a perda de seus imensos privilégios.

Foto: Andy Wong/Associated Press

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