O romancista indiano Salman Rushdie escreveu artigo em que expõe claramente o duplo padrão moral nesse caso todo. Mostra que a versão segundo a qual Bin Laden liderava a Al Qaeda desde o Paquistão sem o conhecimento de Islamabad é simplesmente ridícula. Além disso, Rushdie disse ter ouvido de jornalistas paquistaneses que o lendário líder do Taleban, mulá Omar, está no país, sob proteção do serviço secreto do Paquistão.
Estranho mundo, esse nosso. Enquanto se cobra o "direito à defesa" de um terrorista responsável por milhares de mortes e por obrigar os governos a mobilizar vastos recursos para impedir novos ataques contra civis inocentes, enquanto o país que abrigou esse terrorista é visto como vítima de "violação de soberania", o governo americano é censurado por ter liquidado um inimigo implacável numa operação relativamente limpa.
Rushdie termina seu artigo sem deixar dúvidas sobre quem deveria ser o verdadeiro vilão da história: "Enquanto o mundo se mobiliza esperando a resposta dos terroristas à morte de seu líder, deveria também exigir que o Paquistão dê respostas satisfatórias às duríssimas questões que têm de ser feitas agora. Se o país não der essas respostas, talvez tenha chegado a hora de declará-lo como um 'Estado terrorista' e expulsá-lo da comunidade das nações".