Há detalhes curiosos, como quando um repórter do jornal presente a um dos primeiros encontros com Assange diz que ele "fedia como se não tivesse tomado banho há dias".
Mas o mais importante é que, como mostra Keller, o WikiLeaks e seu dono fedorento foram tratados pelo Times e pelos demais jornais envolvidos na operação como simples fontes, e não como parceiros jornalísticos. Para Keller, Assange "tinha claramente uma agenda própria", e o material oferecido por ele tinha de ser tratado com ceticismo e responsabilidade.
O rompimento do Times com Assange, conta Keller, ocorreu quando o jornal se recusou a dar link para o WikiLeaks em suas reportagens, com o argumento de que o site, ao disponibilizar os documentos vazados sem o cuidado necessário, estava colocando vidas em risco. Furioso, Assange ligou para Keller e cobrou: "Onde está o respeito?".
Para Keller, a despeito de todo o furor em torno do assunto, "o impacto do WikiLeaks em nossa cultura provavelmente foi exagerado" e o site não representa "o triunfo cósmico da transparência", porque as maiores revelações feitas por ele partiram de um único sujeito, um soldado raso do Exército.
Mas nem todos os envolvidos no WikiLeaks perderam o senso do absurdo, diz Keller. Um advogado de Assange enviou um cartão de Natal que dizia: "Queridas crianças, Papai Noel são mamãe e papai. Com amor, WikiLeaks".