Israel ataca, à espera de Obama

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Israel lançou neste sábado sua maior ofensiva militar contra Gaza desde a Guerra de 1967. Em cinco minutos, mais de 40 alvos do Hamas, mapeados durante meses pela inteligência israelense, foram atingidos por mísseis. Os mortos passam de 200. É improvável, a julgar pela ferocidade da ação, que os planos israelenses tenham levado em conta de forma especial o destino dos civis eventualmente atingidos. Afinal, de acordo com a opinião pública israelense, refletida em seu governo, os constantes ataques de foguetes do Hamas contra civis no sul de Israel justificam um contra-ataque nos mesmos termos; além do mais, é praxe entre os líderes do Hamas esconder-se covardemente entre a população civil, o que denota o desprezo desses dirigentes pela vida dos palestinos que eles dizem defender.

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Mas o ataque israelense parece ter sido propositalmente desproporcional. A estratégia de Israel não é simplesmente retaliar; é obter o máximo de destruição possível e eliminar a liderança militar do Hamas antes que seja pressionado pela comunidade internacional a interromper a ação, como costuma ocorrer. O "timing" da ofensiva sugere também que Israel quer elevar suas condições de negociação antes da posse de Barack Obama, quando se espera que um novo jogo comece no Oriente Médio - os israelenses parecem já ter obtido apoio tácito do Egito contra o Hamas e costuram uma negociação com a Síria, numa clara jogada para isolar tanto os radicais palestinos quanto o Irã. Finalmente, os israelenses irão às urnas em fevereiro, e a demanda por algum tipo de endurecimento contra os palestinos é grande.

Assim como na última guerra no Líbano, porém, o dilema israelense é saber qual é a hora de parar.

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