Mas a certeza com que falam do caso as autoridades americanas, aí incluído o próprio presidente Barack Obama, faz pensar que talvez a história toda seja verdadeira.
Supondo que o complô tenha realmente acontecido, é preciso tentar compreender suas razões - afinal, todo crime tem de ter um motivo. A ação iraniana pode ter sido motivada pela constante sabotagem de seu programa nuclear, o que incluiu o assassinato de quatro de seus cientistas, certamente levado a cabo por agentes a serviço dos EUA e de seus aliados. Pode ter sido motivada também pela repressão saudita contra a minoria xiita no Bahrein - é conveniente lembrar, ainda, que o governo da Arábia Saudita incitou os EUA a "cortar a cabeça da serpente", isto é, do Irã, referindo-se à influência iraniana no Oriente Médio. Outra razão possível seria uma crescente percepção da Guarda Revolucionária, central no poder iraniano, de que o país está justamente perdendo terreno em áreas cruciais - na Síria e na Palestina.
De todo modo, o importante é que, uma vez entendido que se trata de um complô real, configura-se uma mudança drástica da atitude do Irã em relação aos EUA - sai o provocador distante e cauteloso e entra o desafiante que não tem medo dos caninos americanos. Após os expurgos de sua ala moderada desde o levante "verde" pró-democracia em 2009, o governo iraniano fortaleceu os radicais e adotou um discurso cada vez mais hostil aos EUA. Assim, o Irã ajuda o Taleban a infernizar a Otan, financia xiitas fundamentalistas que atacam os sunitas e os americanos no Iraque e se nega a negociar seu projeto nuclear, a despeito das sanções.
É um Irã muito mais agressivo do que o da Revolução dos Aiatolás em 1979 e absolutamente convencido de que os EUA, sob Obama, não terão disposição para enfrentá-lo numa guerra.