Como bom investidor, sua questão inicial é, claro, econômica. Segundo ele, o contribuinte americano paga bilhões de dólares para fazer cumprir uma lei que é largamente ignorada. Ao mudar a lei, será possível economizar esse dinheiro, além de reduzir o crime e a corrupção associados ao mercado de drogas. "A polícia poderá se concentrar em crimes mais importantes", argumentou.
Mas há outras questões envolvidas. Uma delas é racial. Soros diz que os negros não fumam mais maconha do que os demais americanos; no entanto, os negros aparecem como suspeitos preferenciais da polícia quando se trata de prender alguém por porte de maconha. O investidor lembra que a legislação que proíbe a maconha nos EUA surgiu no início do século 20 para incriminar imigrantes mexicanos que fumavam a erva.
Segundo Soros, quem ganha mais com a legislação sobre a maconha são os cartéis de narcotraficantes, razão pela qual, ele diz, gente respeitável como Fernando Henrique Cardoso alinhou-se à tese da descriminalização nas Américas.
É bobagem, diz Soros, acreditar que a descriminalização da maconha facilitará o acesso dos jovens à droga - para ele, os jovens já têm acesso facílimo à maconha, tanto quanto ao álcool. O fundamental é investir em educação, mostrando os riscos do consumo.