As imagens de soldados com megafones participando das manifestações anti-Mubarak deram a falsa sensação de que o Exército poderia abandonar o ditador. Não houve, contudo, nenhuma fissura nas Forças Armadas, que continuam perfeitamente alinhadas a Mubarak. A estratégia do Exército é sofisticada: declara neutralidade e aparece como "protetor" dos manifestantes ao conter a violência produzida exatamente por agentes do próprio governo. É o "bate-e-assopra" que garante a longevidade das ditaduras.
Enquanto isso, Mubarak tratou de capitalizar a insatisfação dos egípcios que não estão na Praça Tahrir e sentem os efeitos dramáticos da paralisação do país por conta dos protestos. O humor popular em relação aos opositores nunca esteve tão ruim desde que as manifestações começaram.
A soma de tudo isso é que a "revolução" no Egito, na verdade, parece ter dado oportunidade não para a democracia, mas para seu exato oposto - a efetivação de um regime militar.