Ademais, as guerras não vão acabar só porque o Brasil é supostamente um país pacífico. Mas essa ingenuidade tocante está incorporada no discurso brasileiro desde o governo Lula. O Brasil, disse Dilma, é o lugar onde judeus e árabes "são compatriotas e convivem em harmonia, como deve ser". Isso seria a "prova" de que a paz entre palestinos e israelenses é possível. De fato, ela é possível, mas não pelas razões que Dilma invocou, isto é, a alegada "convivência pacífica" num país distante da região em conflito, longe das disputas políticas e ideológicas que incendeiam corações e mentes. A paz é possível se houver convergência de interesses estratégicos, combinada com pressão diplomática e econômica.
Para participar efetivamente dessa articulação, o Brasil teria de oferecer muito mais do que a idílica imagem das lojinhas de Jacó e Salim.