Grande estrela da Escola de Chicago, o baluarte do liberalismo nos anos 70, Friedman foi conselheiro econômico do ditador Augusto Pinochet. Vários ex-alunos chilenos de Friedman, os "Chicago Boys", ocuparam ministérios no regime chileno. Por causa disso, Friedman é até hoje acusado pela esquerda de ter sido cúmplice de Pinochet, embora o economista nunca tenha endossado as atrocidades do regime militar chileno.
O que Friedman fez, diz Stephens, foi ter revertido uma violenta crise econômica iniciada no governo "proto-chavista" de Salvador Allende, com inflação de 1.000% ao ano. Em 1975, dois anos após o golpe, Pinochet ouviu de Friedman que a receita era cortar gastos públicos, privatizar estatais e eliminar obstáculos à livre iniciativa. Quando Pinochet deixou o poder, em 1990, o PIB chileno havia crescido 40% e o país se tornara um dos mais ricos das Américas, com excepcionais indicadores sociais. Os sucessivos governos de centro-esquerda que sucederam a Pinochet mantiveram a política liberal desenhada por Friedman, e a solidez da economia chilena teve efeito evidente na baixa letalidade de um terremoto que, em um país pobre, teria representado um desastre bíblico.
A esquerda, diz Stephens, gosta de dizer que a recuperação chilena pelo modelo de Friedman foi um "mito". No entanto, escreve o articulista, "os chilenos de todas as classes devem ter uma opinião diferente sobre Friedman, que lhes deu as condições mínimas para sobreviver ao terremoto e, agora, para recomeçar suas vidas".