Para o Irã, o prejuízo da queda de Assad é maior, porque Damasco (e, por conseguinte, o Hizbollah) é o eixo que ainda mantém Teerã influente no Líbano, plataforma preferencial de suas ambições regionais. É por isso que Assad recebe apoio militar e financeiro dos iranianos - ao mesmo tempo em que o presidente Mahmoud Ahmadinejad, já de olho no pós-Assad, tenha condenado o uso da força pela ditadura síria.
A chance de complicar a vida do Irã no tabuleiro do Oriente Médio era boa demais para que a Liga Árabe e a Turquia a perdessem, o que explica o isolamento promovido contra a Síria. Como resposta, a Síria já posicionou mísseis na direção da Turquia - que já está também sob ameaça de ataque iraniano caso o Irã se torne alvo militar do Ocidente.
Em meio a todo esse cenário, uma eventual guerra civil síria, hipótese cada vez mais concreta em razão da indisposição de Assad para o diálogo e com o encorajamento da oposição armada por EUA e Europa, pode criar situações incontroláveis e com um grau de letalidade que faria a guerra na Líbia parecer brincadeira de criança.